Há 27 anos o militar aposentado Aderades Ferreira dos Santos de 62 anos segue o mesmo ritual: Todas as noites, coloca o “carrinho de lanche” em frente de casa, os banquinhos de plástico na calçada e vende cachorro quente. Com uma ou duas salsichas? O cliente é quem escolhe!
Acervo pessoal

“Hot dog do santista” outros de “Hot dog do Aderades”, qual é o segredo desse lanche?
Ao longo desses anos, o morador das moreninhas, um dos bairros mais distantes do centro da cidade, conquistou amizades, viu a região crescer e se transformar em uma das mais desenvolvidas da Capital. O carrinho não tem nome, uns chamam de “Hot dog do santista” outros de “Hot dog do Aderades”, o nome é o de menos porque o que importa mesmo é saber o segredo que faz o aposentado manter o negócio aberto nos mesmos moldes, com clientela fiel e novos adeptos a tanto tempo.
"A clientela vem de longe buscar o cachorro quente"
Mas esse segredo caro leitores, até o final dessa leitura será desvendado. A localização do carrinho de cachorro quente, segundo Aderades, é um dos motivos, porque é privilegiada e por isso recebe clientes das moreninhas 1,2,3 e 4 e dos bairros adjacentes. “A clientela vem de longe buscar o cachorro quente, moradores que antes eram do bairro e se mudaram. Eu atendo gente do bairro Canguru, Mario Covas, Rouxinóis e até do Aero Rancho”, detalhou.
"Havia muita briga com morte..., hoje o bairro é um dos melhores lugares para viver"
Morando há 26 anos no bairro, o aposentado relembra que quando começou a trabalhar com o cachorro quente havia apenas as moreninhas 1 e 2. O local era violento, e tinha algumas “gangues” que vinham de outras regiões brigar no bairro, no entanto isso nunca foi empecilho para que ele desistisse do negócio. “Antes da lei seca, havia muita briga com morte, carro de som. Ha muito tempo isso mudou e hoje o bairro é um dos melhores lugares para viver, eu nunca pensei em mudar daqui”, pontua.
Aderades viu de perto as moreninhas crescer. De apenas 1 e 2 passou a 1, 2, 3 e 4 e depois aos bairros adjacentes foram surgindo entre eles: Santa Felicidade, Nova Capital, Nova Jerusalém etc. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021 a população estimada na região é de 22.701 habitantes.
O morador se orgulha ao falar desse crescimento que é fácil de observar, ao percorrer as ruas da “cidade moreninhas”. Na rua Palmácea, por exemplo, é possível ver a vasta quantidade de estabelecimentos comerciais de diferentes nichos, como mercados, lojas, casas lotéricas e até bancos.
Acervo pessoal

“Hot dog do santista” outros de “Hot dog do Aderades”, qual é o segredo desse lanche?
O fluxo de pessoas no bairro é grande, um dos motivos que faz com que as moreninhas receba o título de ‘minicidade’. “Aqui a gente têm lojas consolidadas como Boticário, Cacau Show, Bancos. Tem clientes que se mudaram e que tem vontade de voltar, mas não voltam porque encareceu muito”, frisa Aderades.
O vendedor de cachorro quente é apaixonado pelas moreninhas e com pão fresquinho que encomenda todos os dias, molho natural, (que ele não revela o segredo) conquistou inúmeras amizades nesses anos. Além disso, viu criança crescer, jovens casarem, foi “psicólogo” e já ouviu histórias que leva para vida.
A venda do lanche ajuda até hoje no sustento dos filhos de 17, 25 e 28 anos, mas não é esse o motivo principal do trabalho, para ele, vender o hot dog, já faz parte da vida dele. E faz questão de atender todos os clientes de forma igual. “Eu abro todos os dias, mesmo com chuva, frio, feriado, natal, ano novo. Ah de eu não abrir e tenho que ficar até as 11 da noite”, brinca.
Acervo pessoal

Em 2006, O bebê é seu filho de 17 anos com 1 ano de idade. Aderades ao lado da filha Thaynara
Ele conta que os clientes perguntam: Você não pensa em se aposentar? A resposta é curta: “Não”, diz ele. Outro questionamento que já fizeram, segundo ele, por inúmeras vezes é se ele não pensa em abrir uma lanchonete para atender mais pessoas e fazer outros lanches a resposta é um pouco maior “Se deu certo até agora, para que mexer”, destacou.
"Enquanto Deus me der saúde, quero permanecer por aqui"
A última pergunta, essa feita por quem nos escreve: Como você se vê daqui 27 anos? “Enquanto Deus me der saúde, quero permanecer por aqui. Me sinto feliz e quero ver o bairro crescer muito ainda.