Sexta-feira, 19 de Abril de 2024


Reportagem Especial Domingo, 14 de Agosto de 2022, 08:29 - A | A

Domingo, 14 de Agosto de 2022, 08h:29 - A | A

Reportagem Especial

Dia dos pais: “O rim nunca foi meu, sempre foi dela, eu só guardei pra ela”

Para salvar vida da filha, pai doa órgão em procedimento quase impossível

Renata Silva
Especial para o Capital News

Acervo pessoal

Dia dos pais: “O rim nunca foi meu, sempre foi dela, eu só guardei pra ela”

Rafa e o pai Rodrigo

“O rim nunca foi meu, sempre foi dela, eu só guardei pra ela” conta emocionado Rodrigo que doou o órgão para filha ainda bebê. Otimista, Rodrigo nunca deixou de acreditar que tudo daria certo com a filha que só poderia ser salva, com transplante.

Acervo pessoal

Dia dos pais: “O rim nunca foi meu, sempre foi dela, eu só guardei pra ela”

Família na praia em 2019

 

O Engenheiro Civil Rodrigo Coelho Salles é casado há 22 anos com a Autônoma Naira Roberta Rosa dos Santos de 41. Juntos tiveram três filhas, a Lorena de 23 anos, a Isabella de 14 e Rafaela Santos Coelho de 8, que recebeu o órgão do pai.

Rodrigo é do estilo “paizão” daqueles que brinca, ajuda na tarefa, coloca para dormir, lê junto faz oração entre outras atividades. Ser pai, sempre foi o maior propósito de vida do Engenheiro e garantir um futuro próspero para as filhas, a meta de vida dele.

"A filha é um clone seu"


Há 8 anos ele deu a maior prova de amor que um filho pode receber, doou o rim para a Rafaela, a filha mais nova, na época ela tinha apenas 2 anos de idade. O transplante que seria quase impossível, pelo tamanho do órgão, apresentou 96% de compatibilidade "isso não acontece nem com gêmeos. A filha é um clone seu", disse o médico na época, relembra ele.

Naira conta que engravidaram da Rafaela em 2013 e já na gravidez ela teve complicações, após 45 dias do nascimento da filha descobriu a doença. A menina foi diagnosticada com Síndrome Nefrótica Congênita um distúrbio renal raro que acomete crianças logo após o nascimento e até o terceiro mês de vida.

"Eu sabia que tudo daria certo"


Na época, o médico disse que a doença não tinha cura e que só um transplante poderia salvar a vida da criança. Na mesma hora o pai disse: Como faz para doar? A mãe ficou nervosa com o diagnóstico, já Rodrigo sabia que seria o doador e não tinha dúvidas que tudo daria certo. “Eu sabia que tudo daria certo, que era uma fase e que mais para frente lembrariam de tudo”, contou.  

O casal iniciou o procedimento para transplante, se mudou para São Paulo, ficaram distantes por cerca de 8 meses. Na capital paulista a mãe também descobriu que tinha 58% de compatibilidade mas o pai fez questão de fazer o procedimento.

Acervo pessoal

Dia dos pais: “O rim nunca foi meu, sempre foi dela, eu só guardei pra ela”

Hemodiálise em 2016 antes do transplante. No dia 06/11/2016 dia que ela saiu da UTI e completou 3 anos


A psicóloga conversou com os pais para que tivessem certeza do que fariam, Rodrigo, claro não duvidou sabia que queria doar. A primeira tentativa de transplante foi em setembro 2016, mas a bebê com 2 anos e 11 meses já estava com o rim comprometido, fazendo hemodiálise, o órgão funcionava apenas com 10% da capacidade, por isso o procedimento não foi realizado.

 

Na segunda tentativa, dia 1 de novembro de 2016, 5 dias antes do aniversário da Rafaela, o procedimento foi realizado, mas infelizmente ela teve algumas complicações. A pequena teve uma parada cardiorrespiratória e voltou para o centro cirúrgico e ficou em coma induzido, os médicos não sabiam que ela resistiria.

O marido, ainda internado não sabia do quadro da filha porque Naira resolveu preservar o marido, pensando na recuperação dele. Num determinado dia, a filha ainda com quadro instável, resolveu contar a ele que a filha não estava bem, Rodrigo mais uma vez, otimista, respondeu: "Ela vai ficar bem, agora ela vai melhorar, você vai ver”, disse o engenheiro.

Acervo pessoal

Dia dos pais: “O rim nunca foi meu, sempre foi dela, eu só guardei pra ela”

Com a equipe da Santa casa que atendida ela


E deu tudo certo mesmo! No dia do aniversário, 5 novembro, ela saiu do coma e no dia 6 novembro foi para o quarto. Teve uma festa de aniversário digna de princesa, voltou para a casa bem com a família.

Hoje, 6 anos depois, Rafaela está bem, toma medicação de uso contínuo por conta da doença, mas é uma menina que corre, brinca, canta, etc. Ao lado do pai, é muito feliz! O pai, Rodrigo, nem se fala é pleno ao lado da família e neste dia dos pais, se considera o homem mais sortudo do mundo.

Comente esta notícia

Adriana Aragão 15/08/2022

Que matéria cheia de amor. Parabéns! Tenho filho transplantado do rim.Doe órgãos, doe vida!!!

positivo
0
negativo
0

1 comentários

1 de 1

Reportagem Especial LEIA MAIS