Para algumas pessoas o ato de assumir a direção de um veículo parece simples, para outros, dirigir pode ser algo impossível. Essa dificuldade acompanhou o aposentado Ademir Bordignon por 23 anos, ele só conseguiu superar o desafio com ajuda de um grupo de apoio com psicólogos e instrutores.
Morador do bairro Cophavila em Campo Grande, Ademir é casado têm filhos e netos criados e se considera feliz após superar a dependência de pessoas que o levava e buscava. “Estou ciente que a idade está chegando, um dia posso voltar a depender, mas hoje a cabeça está preparada para isso, eu torço que demore um pouco”, destaca ele.
O processo para tirar a carteira de habilitação foi só o primeiro obstáculo que o aposentado, de 61 anos teve que enfrentar. Ele iniciou as etapas em 1993 com objetivo de tirar as categorias A/B (carro e moto). Ademir recorda que como não estava dando conta de nenhuma delas, desistiu da A, focando apenas na B.
"Era medo, suor nas mãos sem explicação nenhuma, eu confundia marchas, mesmo com o instrutor explicando sempre que necessário, não evoluía"
Ele perdeu as contas de quantas aulas teve de fazer para poder sentir seguro para o teste prático. “Quado peguei no carro os problemas começaram. Mesmo com toda paciência do instrutor, não havia evolução. Era medo, suor nas mãos sem explicação nenhuma, eu confundia marchas, mesmo com o instrutor explicando sempre que necessário, não evoluía”, detalha o aposentado.
Ao todo, Ademir fez quatro testes práticos, reprovou em três, só conseguiu tirar a carteira de habilitação dois anos depois. Mas a felicidade e orgulho de estar com documento em mãos não foram suficientes para fazer com que condutor superasse o medo, “a habilitação ficou cinco anos vencida. Tive que fazer reciclagem para renovar” enfatiza.
Ele lembra que na sua concepção o carro ia avançar, atropelar, machucar, e até matar alguém, destaca o aposentado. O Ademir fala que essa imagem era constante sempre que pegava o volante, “não prestava nem para colocar o carro na garagem, ia derrubar a parede”, explica.
“Foi aí que aconteceu o milagre”
Na tentativa de superar o desafio, o condutor frequentou diversas autoescolas, relatando o problema, todas sem sucesso. Católico, pediu ajuda a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, foi então que ele ficou sabendo de um curso oferecido pelo Detran. A iniciativa tinha o propósito de ajudar pessoas que estavam passando pelo problema. “Foi aí que aconteceu o milagre”, enfatiza.
Ele lembra que ja no primeiro encontro viu algo diferente, viu que não estava sozinho, não era o único, nem o primeiro com esse problema. “Nos primeiros encontros, todos expõem suas dificuldades, medos e monstros. Ali você vê pessoas com o mesmo problema e até piores que o seu”, completa.
"Hoje penso: de onde vinha aquela insegurança, medo, pavor, e falta adjetivos para isso que considero inexplicável?"
Em 2018 o condutor já estava pronto para pegar no volante sozinho e enfrentar as ruas de Campo Grande. Antes disso se sentia incompleto e sem entender a origem de todos os sentimentos negativos. “Eu estava com o carro na garagem, saindo na chuva, frio, sempre pedindo para alguém levar, nem sempre de bom humor, acabou o problema. Hoje penso: de onde vinha aquela insegurança, medo, pavor, e falta adjetivos para isso que considero inexplicável? ”.
Ele finaliza aconselhando todos que passam pelo problema a procurarem ajuda, “é possível superar o medo”, reforça Ademir.
Acervo pessoal

Ademir, a filha Irene Louise na frente e no banco de trás a esposa e o neto João Ricardo
Serviço
Estão abertas as inscrições para o programa “Vencendo o Medo de Dirigir” oferecido pelo Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito). O projeto integrado com a Clínica Escola de Psicologia da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) é gratuito.
As inscrições devem ser realizadas pelo telefone (67) 3368-0237 das 8h às 11h das 14h às 16h ou pelo e-mail [email protected] com nome completo, telefone e assunto “quero participar do programa vencendo o medo de dirigir”.
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