Com o objetivo de aumentar o número de pessoas cadastradas no banco de doadores de plaquetas sanguíneas, o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado (Hemosul) tenta conscientizar a população sobre a importância das doações para ajudar a salvar a vidas. São atualmente 150 voluntariados cadastrados para a doação de plaquetas, porém, 50% do montante não está com o número do telefone atualizado.
Para doar plaquetas, além de seguir os critérios básicos como estar bem alimentado, ter ingerido alimentos ricos em cálcio e sem gordura, doador precisa dispor de um pouco de tempo. “Em uma doação convencional o voluntário dispõe de apenas 10 minutos para doação. No sistema automatizado o processo é um pouco mais lento e leva uma hora para ser concluído, pois, a máquina puxa o sangue, filtra as plaquetas ou as hemácias, e devolve o sangue para o doador com o percentual retirado de plaquetas”, enfatiza José Luis L. Villas Boas, responsável pela área de aféres do Hemosul, em Mato Grosso do Sul.
O aparelho de aférese através do qual são coletadas as plaquetas das hemácias tem alta tecnologia. Segundo Villas Boas, o equipamento é encontrado apenas em Campo Grande, no Hospital Regional, na Santa Casa, no Hospital Universitário, no Hemosul e em Dourados.
“Como o equipamento é portátil nós conseguimos atender o paciente onde quer que ele esteja, sem ter a necessidade dele se deslocar até o Hemosul, o que muitas vezes o paciente, por questões de saúde, não consegue fazê-lo”, informa o médico.
Villas Boas explica que todo material utilizado é estéril e descartável, de uso único em sistema fechado, de forma que o sangue só entra em contato direto com o kit utilizado, e não com a máquina. Após sua utilização o material usado passa por um processo de descontaminação antes de serem descartados juntamente com o lixo hospitalar.

Cada vez que é feita uma doação é utilizado um kit novo totalmente esterilizado, onde não há contato manual do sangue com outra pessoa
Foto: Deurico/Capital News
Segundo o médico, uma das vantagens do equipamento é com relação à quantidade de plaquetas que o aparelho consegue coletar. “A quantidade de plaquetas coletadas pela doação de uma pessoa por aférese corresponde à doação de 12 pessoas pelo método convencional. O sistema automatizado deixa a coleta de seis à 12 vezes mais concentrada. Cada doação é capaz de colher cerca de 50 mil plaquetas”, detalha o médico.
Uma das vantagens do paciente receber a plaqueta colhida através do aparelho é a pureza do produto. “As plaquetas colhidas são puras e desleucotizadas (sem os leucócitos que podem causar reação “alérgica” ao receptor)”, diz Villas Boas ao destacar que o método é extremamente seguro.
A coleta das plaquetas deve ser agendada mediante a necessidade, pois o tempo útil dela é de apenas cinco dias. “Se o material não for utilizado em cinco dias ele deve ser descartado”, considera José Luis.

O sitema automatizado colhe as plaquetas de forma mais concentrada do que o método convencional e é necessário apenas metade da quantidade coletada
Foto: Deurico/Capital News
Doação
A quantidade de material colhido pelo método aférese gira em torno de 190 e 210 mililitros, enquanto em uma coleta convencional é coletado quase meio litro de sangue. As plaquetas podem ser doadas quinzenalmente e são repostas pelo próprio organismo de 48 a 72 horas.
Devido o processo automatizado ser mais lento do que o convencional, é difícil algum doador se sentir mal. “A pressão do doador não cai, como no método convencional, pois o processo é mais lento e o soro fisiológico é reposto”, destaca Villas Boas.
Para poder ser um doador por aférese a pessoa precisa ter realizado três doações de sangue pelo método convencional e sem alteração sorológica durante a coleta. Pesar acima de 60 quilos para doação de plaquetas e acima de 70 quilos para doação de hemácias. Estar saudável e não ter anemia. Ter acesso venoso de bom calibre.
Antes de fazer a doação é importante que o doador esteja bem alimentado, que tenha ingerido de preferência alimentos ricos em cálcio e sem gordura.
Outro fator essencial para ser um doador de plaquetas é ter a contagem do mesmo acima de 250 mil. “O valor é de 200 mil, mas para zelar pela segurança do doador utilizamos os que têm acima de 250 mil”, garante o médico responsável pelo setor.
Para se tornar um doador basta entrar em contato com o Hemosul pelo telefone 3312-1540 e marcar uma avaliação e exames que são realizados gratuitamente. As coletas são todas agendadas com horário marcado e de acordo com a disponibilidade do voluntário.

As plaquetas resistem cinco dias fora do corpo humano, por isso as doações são agendadas conforme a necessidade solicitada pelos médicos
Foto: Deurico/Capital News
Plaquetas
As plaquetas são células que ajudam a conter sangramentos ou hemorragia. São produzidas pela medula óssea, juntamente com glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plasma. O tempo de duração delas dentro do organismo é de 10 dias.
As plaquetas são utilizadas para tratamentos de leucemia, quimioterapia, cirurgia cardíaca e distúrbios de coagulação.
Hemácias
Hemácias ou glóbulos vermelhos são células do sangue que transportam o oxigênio para os órgãos do corpo. Também são produzidas na medula óssea. O tempo de duração dentro do organismo é de 120 dias.
As plaquetas e hemácias são destinadas a pacientes graves, como por exemplo, com câncer, que precisam de controle para sangramentos, no caso das plaquetas, e de melhorar o envio de oxigênio aos órgãos, no caso das hemácias.
Tratamento
Além de separar as hemácias das plaquetas o aparelho de aférese realiza também o tratamento do plasma, que substitui o plasma ruim pelo plasma bom (cedido por algum doador). Este tipo de tratamento leva de 4 a 5 horas para ser realizado. Em alguns pacientes o processo deve ser feito durante alguns dias.
Emocionado, José Luis conta que, um dos momentos mais importantes da carreira como médico foi durante o acompanhamento do quadro de evolução de uma criança de 13 anos com Miastenia Gravis (doença que ataca a placa neuro-motora, que é responsável pela contração muscular).
“Diariamente eu ia até o hospital para realizar o tratamento de plasma na criança. A princípio o menino se comunicava com os olhos, piscava quando queria dizer sim e virada os olhos de um lado para o outro quando queria dizer não. Após alguns dias de tratamento a criança levantou a mão e me acenou quando eu estava indo embora. Ao final do tratamento o menino deixou o hospital andando e falando. Foi gratificante ver o resultado deste trabalho”, conta o médico emocionado.

Equipe médica se emociona ao contar do progresso de um tratamento realizado em uma criança
Foto: Deurico/Capital News
Outro caso em que o plasma deve ser substituído no organismo, é a doença Púrpura Trombocitopênica Trombótica (reação auto-imune, quando o organismo produz anticorpos contra as próprias células sanguineas).
“Neste caso, uma mulher tinha acabado de ganhar bebê quando desenvolveu esta reação. Realizei o tratamento do plasma com o equipamento na mulher ainda em coma. Depois de 26 dias de tratamento a mulher voltou para a cidade dela para conhecer o filho, que até então não conhecia”, conta o médico.
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