A 17ª convenção nacional do PSDB aprovou nesta quarta-feira (5), com 98% dos votos, que a executiva nacional dê prosseguimento ao processo de incorporação do Podemos, abrindo caminho para a criação de uma nova legenda voltada ao centro democrático brasileiro. A medida é o primeiro passo de um processo que ainda será analisado e homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos próximos meses.
Durante o evento, o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, deu o tom da nova fase do partido. “O PSDB vai radicalizar no que importa. Radicalizar contra a falta de responsabilidade social do governo lulopetista [...] contra a desigualdade social [...] para que o Brasil possa voltar a crescer”, afirmou.
Nos bastidores, já circularam informações de que a possível fusão entre PSDB e PSD pode estar na pauta, o que levaria à extinção da sigla tucana no Mato Grosso do Sul. Outro movimento no inicio do ano foi o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que esteve em Campo Grande e se encontrou na oportunidade, a portas fechadas, com o governador Eduardo Riedel e o ex-governador Reinaldo Azambuja.
A incorporação é vista como uma tentativa de reerguer o protagonismo tucano, diante da polarização política e do esvaziamento de representatividade do centro. O deputado federal Paulo Abi-Ackel classificou o momento como histórico: “Hoje o PSDB inicia um processo de renascimento. Somos o único partido que nunca foi bolsonarista nem petista”.
No Mato Grosso do Sul, o governador Eduardo Riedel participou da convenção de forma remota e demonstrou apoio à fusão. Nos bastidores, cresce a expectativa de que ele e o ex-governador Reinaldo Azambuja avaliem uma eventual saída do PSDB, especialmente se não houver segurança jurídica para que seus aliados acompanhem essa movimentação.
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Reunião do PSDB entre Governador Eduardo Riedel, Marconi Perillo e Reinaldo Azambuja do PSDB
O deputado estadual Pedro Caravina, presente na convenção, foi direto ao afirmar que sua permanência no PSDB depende da postura do novo partido diante da candidatura à reeleição do governador. “Sou filiado há anos, fui prefeito e hoje sou deputado pelo PSDB. Tenho interesse em continuar, mas é preciso que o partido tenha uma diretriz clara, competitiva, e esteja inserido no arco de alianças que irá apoiar a reeleição do governador Riedel”, disse.
Caravina defende que, com a fusão, os parlamentares possam migrar para outras legendas sem risco de perda de mandato. “A dispersão será natural, principalmente se houver janela. Mas, com organização e liderança, ainda é possível manter uma estrutura consistente em Mato Grosso do Sul”, apontou. Ele acrescenta que uma definição agora, antes do calendário eleitoral de 2026, dará tempo para reorganizar as chapas e abrir espaço para novas lideranças.
Atualmente, o PSDB é a maior força política do Estado, com três deputados federais, seis estaduais, mais de 45 prefeitos e mais de 300 vereadores. No entanto, conversas com outras siglas, como PP e PL, indicam que esse cenário pode mudar.
Caravina relatou ter conversado com Marconi Perillo durante a convenção e defendeu a abertura de uma janela partidária para realinhar as forças políticas no Estado. “A construção partidária deve partir de quem realmente deseja permanecer na legenda. Não faz sentido adiar mudanças inevitáveis para o ano que vem e correr o risco de comprometer a formação de chapas competitivas”, finalizou.