O diretor e ator Clint Eastwood sempre oferece filmes que fazem pensar. Pode-se gostar ou não de suas obras, mas é difícil ficar indiferente perante as questões que coloca. É novamente o caso de “A mula”, filme que, a partir da história real de um nonagenário que faz transporte de drogas para um cartel mexicano, discute questões éticas.
Unesp
Oscar D'Ambrosio
Produtor de lírios que sucumbe aos concorrentes via internet, o protagonista, para conseguir salvar a propriedade e ajudar financeiramente a família, da qual se afastara pela obsessão pelo trabalho com as flores, começa a levar droga por todos os EUA. O pagamento é bom e as intenções podem ser boas, mas o crime é punido de diversas maneiras.
O filme, dessa maneira, mostra um protagonista que oscila entre a decadência física e a falta de intimidade com a tecnologia e uma retidão oriunda de seu passado militar na Coreia. Se ele desperta simpatia, nunca é possível esquecer que a atividade proibida que desempenha colabora com a destruição de muitas vidas – inclusive a dele mesmo.
É nesse fio da navalha que o filme se coloca. Como ter simpatia por um criminoso? Mas como não sucumbir ao carisma do personagem interpretado por Eastwood? O principal da obra está justamente em trazer essas questões numa narrativa bem estruturada. A história é bem contada e nos questiona sobre nossos valores cotidianos. Por isso, já vale a pena.
*Oscar D’Ambrosio
Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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