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Opinião Sexta-feira, 27 de Dezembro de 2019, 07:00 - A | A

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Opinião

Entre ficção e realidade

Por Oscar D’Ambrosio*

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Há filmes que valem pelas atuações luminosas de atores ou atrizes. Existem criações cinematográficas que valem por nos estimular a pensar de que maneira o nosso passado determina o nosso presente. E ainda podemos encontrar aquelas obras que refletem sobre o que significa a escrita e como ela nos auxilia a viver de maneira mentalmente saudável.

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Oscar D'Ambrosio


O maravilhoso é quando esses três atributos se juntam em uma só manifestação criativa. É justamente isso o que ocorre em “Up There”. Em primeiro lugar, Zoe Kanters está genial na sua interpretação de uma moça do interior que escreve pequenos relatos sobre moradores da comunidade.

Com essa atividade, consegue preservar para a eternidade aqueles que estão ao seu redor, já que seu passado guarda a perda de pais e amigos em um assassinato injustificável justamente no momento em que ela se preparava para deixar aquela comunidade para alçar voos levando seu sonho de ser escritora para cidades maiores.

Quem altera a ordem das coisas é um jornalista de um pequeno veículo, filho de um Prêmio Nobel. Ele está naquele povoado para fazer uma reportagem sobre o fechamento de uma indústria local. Em busca de uma história de desemprego e miséria social e econômica, encontra uma narrativa de pessoas que fogem mentalmente de um acontecimento trágico.

Os diretores Daniel Weingarten e Michael Blaustein, que atuam, respectivamente, como o jornalista ambicioso e o irmão da protagonista, oferecem ao público uma obra que encanta pelas sutilezas dos conflitos e, principalmente, pela maneira como Zoe cria nuanças em seu personagem, indo da ingênua fantasia à crua realidade literalmente em um piscar de olhos.

O mais curioso e significativo é que a realidade pode, muitas vezes, ser quase uma ficção e que a ficção de melhor qualidade é justamente aquela que cria um universo interno extremamente coerente em que, por mais fantásticos que alguns elementos sejam, eles se encaixam plenos de sentido, obrigando a repensar o mundo que nos cerca. Por tudo isso, não deixe de ver esta obra de ficção para pensar e se deleitar com um trabalho interpretativo soberbo.

 

 

*Oscar D’Ambrosio

Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

 

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