Por que o filme ‘Forrest Gump’, lançado em 1994, se tornou um clássico? Pela atuação magistral de Tom Hanks no papel principal? Pela direção segura e delicada de Robert Zemeckis? Pela trilha sonora tocante de Alan Silvestri? Seguramente por todos esses fatores e por mais um: o ato de correr do protagonista.
Unesp
Oscar D'Ambrosio
Forrest foge correndo dos meninos na escola e se liberta dos aparelhos que usa nas pernas, corre como jogador de futebol americano, corre na guerra no continente asiático para salvar os companheiros, corre por todo os EUA e, sem motivo algum, assim como começou a correr, para de correr.
É como se todos que praticam corrida em todo o mundo de repente ficassem parados e abandonassem o esporte. É como se a vida perdesse o sentido para todos de repente. É como se ela nunca tivesse um sentido em si mesma. É como se correr fosse a expressão de um desejo de ficar vivo. Mas a corrida para e a vida continua.
Isso é o mais fascinante. Correndo ou parados, em busca da saúde ou de um significado maior para a jornada vivencial, o fluxo da existência continua. Estáticos ou em movimento estamos nele. Podemos ser engolidos, engolir os outros ou ficar numa zona de conforto. O essencial é que aqui estamos e, como alerta Forrest Gump, na caixa de bombons da existência, nunca sabemos o que nos espera.
*Oscar D'Ambrosio
Mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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