A história de perdedores que dão a volta por cima graças ao esporte e ao trabalho em equipe ganha mais um capítulo com o filme francês “Um banho de vida”. Gilles Lellouche dirige a história de uma equipe nacional de nado sincronizado masculino que compete no campeonato mundial da modalidade.
Unesp

Oscar D'Ambrosio
Desde as duas treinadoras, uma deficiente física e uma alcoólatra, aos integrantes do time, cada um com um ou mais motivos para torná-los desajustados, existe uma crítica contundente ao mundo contemporâneo, acentuada pela abertura e fechamento do filme, em que são mostradas as dificuldades da sociedade em aceitar tudo aquilo que seja diferente.
Assuntos como a depressão e a mecanização do trabalho são tratadas e maneira leve, quase de passagem, mas é exatamente devido a esses fatores, de ordem econômica, social e psicológica, que leva cada personagem à piscina. Trata-se do local em que o impossível se torna possível pela necessidade de atuar em conjunto mesmo com histórias de vida díspares.
Os elementos comuns são, porém, mais fortes, como ilustra a narrativa individual da “base” do time, que, pouco antes da apresentação no campeonato, revela que tem dificuldade em ser avaliado. A situação que o deixa desconfortável é justamente o centro de uma competição de uma modalidade em que a nota dos jurados determina o resultado final.
Perdedores se tonam vencedores de maneira edificante, mas sem que se perca a percepção de que aquele momento de glória é efêmero. A vitória traz autoconfiança, mas não elimina os problemas de cada um. Ajuda a superá-los, mas a existência continua – e os desafios permanecem prontos a devorar cada um de nós a todo instante.
*Oscar D’Ambrosio
Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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