A mesma comissão já havia aprovado convocações para a ministra falar sobre o PAC e a usina hidrelétrica de Belo Monte. A convocação para falar do dossiê foi uma manobra da oposição, que se valeu do baixo quórum na sessão de sabatina de Mário Rodrigues Júnior, indicado para uma diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O autor do requerimento de convocação é o senador Mário Couto (PSDB-PA). Para ele, o assunto não é "estranho" às atribuições da comissão. "O artigo 50 da Constituição dá amplo direito para que a comissão possa requerer a qualquer momento a presença de qualquer ministro. Não sei por que esse medo de deixar ela vir aqui", argumentou. O presidente da Comissão de Infra-estrutura do Senado é da oposição: Marconi Perillo (PSDB-GO).
Reação
A manobra provocou reação da base do governo. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), entrou na comissão com um requerimento pedindo a derrubada da nova convocação. Ele apresentou, ainda, outro requerimento para trocar a convocação sobre o PAC para convite. Com isso, a presença de Dilma deixaria de ser obrigatória. A ministra deve comparecer à audiência sobre o PAC no final de abril.
Por volta das 15h55, Marconi Perillo chegou a ler os requerimentos de Jucá, mas decidiu encerrar a reunião sem a votação. Para o tucano, as convocações da ministra são "matérias vencidas" na comissão. Só cabe, agora, recurso ao plenário do Senado.
A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), criticou a nova jogada da oposição. "Eles perceberam o quórum e, em três minutos, tentam, de novo, esse golpe de convocar a Dilma para falar do dossiê. Nós não podemos aceitar." Ideli e Jucá saíram da reunião às pressas.
Ao sair da sala em que ocorria a reunião, Jucá reuniu cerca de seis senadores aliados e disse, em tom de ameaça, que os senadores governistas não poderiam mais dar quórum à comissão, para o governo não ser 'surpreendido' com esse tipo de atitude.
O vice-líder do PMDB na Casa, Valter Pereira, (PMDB-MS), criticou a oposição e não descartou um recurso ao plenário do Senado. "Existe um Senado e estão querendo transformar as comissões técnicas em outros 'Senadinhos'. Não tem lógica convocar a ministra para falar de cartão corporagivo nesta comissão."
'Vazamento de discurso'
O G1 procurou a Casa Civil para comentar a decisão do Senado de convocar a ministra para falar sobre o suposto dossiê, mas não obteve resposta até as 16h.
Pela manhã, durante a 11a Marcha dos Prefeitos e com Dilma presente, o presidente Lula fez uma brincadeira com referência indireta ao vazamento de informações do suposto dossiê.
"O problema é que seu sempre trago um discurso por escrito, e os prefeitos que vêm falar antes de mim falam as coisas que estão escritas aqui. Ou nós copiamos o discurso deles ou eles copiam os meus. Deve ter vazamento de informações", disse Lula, provocando gargalhadas na platéia. A ministra Dilma Rousseff deixou o evento sem falar com a imprensa.
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