Os 152 países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) tentam há quase sete anos um acordo para reduzir as barreiras aduaneiras. Lamy anunciou que convocará os ministros a partir de 21 de julho para uma reunião de última hora que poderá durar uma semana.
"Sei que é difícil, mas acredito que há mais de 50% de chances de se chegar a um acordo", disse Lamy em uma reunião com os embaixadores de trinta países.
Segundo um dos diplomatas presentes, o chefe da OMC advertiu a eles que se não obtiverem um acordo no final de julho sobre uma redução dos subsídios agrícolas e das tarifas alfandegárias aplicadas às mercadorias "as possibilidades de se concluir essa rodada de negociações serão muito inferiores a 50%".
Lamy deseja poder submeter um eventual acordo ao atual governo norte-americano que deixará o poder em janeiro. Após essa data, qualquer ratificação por parte de Washington poderá ser adiada de maneira indefinida.
O diretor geral de Comércio da Comissão Européia, David O'Sullivan, se mostrou otimista a respeito das chances de êxito da reunião de julho.
"Acho que é perfeitamente imaginável a obtenção de um acordo, mas resta muito trabalho a fazer", declarou.
Os Estados Unidos, que prestaram contas de progressos nos últimos dias, afirmam estar prontos para realizar esforços intensos para preparar a reunião ministerial.
"Se países suficientes tiverem nas próximas semanas a mesma atitude, temos uma possibilidade de êxito", disse, em Washington, a representante de Comércio americano, Susan Schwab.
As últimas semanas foram complicadas para a Rodada de Doha, lançada no final de 2001 na capital do Qatar.
Na semana passada, o presidente francês Nicolas Sarkozy considerou "inverossímil" que a União Européia (UE), que administra o dossiê em nome dos 27, continue negociando um acordo.
"Não obtivemos nada sobre os serviços, nada sobre a indústria" em troca das concessões propostas pela UE em matéria agrícola, se queixou.
Em Bruxelas, Peter Power, porta-voz do comissário europeu de Comércio Peter Mandelson, pediu aos outros países membros da OMC que façam concessões.
"Fomos os primeiros a mostrar flexibilidade, e manteremos nossas ofertas, mas verdadeiramente corresponde a outros países membros dar mostras da mesma flexibilidade", declarou.
Mas o embaixador da Índia na OMC, Ujal Singh Bhatia, considerou que a agricultura continua no coração do debate e pediu aos países ricos, com os Estados Unidos à frente, que se comprometam com ofertas concretas de redução de seus subsídios.
"Ainda não temos nada claro sobre qual será o nível de ambição sobre a redução dos subsídios que distorcem o comércio, nem sobre as medidas que serão implementadas", afirmou.
Além da discussão sobre a agricultura e os produtos industrializados, que poderá levar três dias, um dia será dedicado aos serviços, para permitir que os diferentes países apresentem ofertas mútuas de abertura dos mercados.
Um eventual acordo entre os trinta atores-chaves da negociação ainda deve ser aprovado por todos os países membros. Depois seriam necessários vários meses de trabalho para finalizar o conjunto da negociação sobre os outros temas, como o meio ambiente ou as regras comerciais.
No começo de junho, o mediador da negociação sobre produtos industrializados decidiu suspender sua missão, por falta de consenso entre os Estados membros sobre a abertura dos mercados que os países em desenvolvimento devem aceitar.
Deverá retomar seu trabalho, já que foram registrados progressos nas negociações a 12 sobre as exceções concedidas aos países do Mercosul e à África do Sul em matéria de redução das tarifas alfandegárias, segundo um diplomata.
Mas os Estados seguem divididos sobre a possibilidade oferecida a um país de proteger um setor inteiro de sua economia das quedas tarifárias.
A Rodada de Doha da OMC, iniciada em 2001, deveria ter sido concluída até o fim de 2004, mas está paralisada pelas divergências entre países do Norte e do Sul.
Os países emergentes pedem mais acesso aos mercados agrícolas dos países desenvolvidos, enquanto estes últimos querem uma entrada maior para seus bens industriais no resto do mundo.
Lamy afirmou em maio que existiam condições para obter acordos em três temas fundamentais: subsídios agrícolas, taxas de importação de produtos agrícolas e taxas para produtos industriais. (Fonte: AFP)
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