“A grande notícia da semana foi a publicação das novas regras e parâmetros para cirurgias bariátricas e metabólicas em adultos e adolescentes, ampliando ainda mais a utilização desta ferramenta que já se comprovou de grande eficácia no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2.” A avaliação é do cirurgião do aparelho digestivo, Dr. Wilson Cantero, ao comentar a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada recentemente no Diário Oficial da União.
Construída com base em estudos robustos e após amplo debate técnico entre especialistas e ex-presidentes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), a nova diretriz marca um avanço histórico no combate à obesidade no Brasil.
Para o especialista, a principal inovação está na possibilidade de personalização do tratamento. “A nova resolução abre um leque enorme de opções que poderão ser usadas, inclusive com novas técnicas, sempre visando oferecer uma escolha apropriada para cada tipo de paciente e suas necessidades individuais”, afirma.
Entre os destaques do novo texto está a autorização para que adolescentes entre 14 e 16 anos com obesidade grave e risco à vida possam realizar a cirurgia. A partir dos 16, passam a valer os mesmos critérios usados em adultos. Em todos os casos, a decisão deve ser compartilhada entre médicos, tutores e o próprio paciente.
O documento também atualiza a lista de técnicas reconhecidas. Foram incluídas opções como o duodenal switch com gastrectomia vertical, o bypass com anastomose única e a gastrectomia vertical com bipartição do trânsito intestinal. Em contrapartida, métodos como a banda gástrica ajustável e a cirurgia de Scopinaro deixam de ser recomendados.
Outro ponto relevante é a flexibilização do limite etário. Embora a média de indicação gire em torno de 65 anos, pacientes mais velhos também poderão ser operados, desde que tenham condições clínicas favoráveis e avaliação criteriosa da equipe médica.
A nova resolução reforça ainda a importância do acompanhamento pós-operatório multidisciplinar, envolvendo nutricionistas, psicólogos e médicos. “A cirurgia não é uma cura isolada. É parte fundamental de um processo de cuidados contínuos. Estamos na vanguarda das pesquisas e dos aprimoramentos. É dentro de um tratamento multidisciplinar que a bariátrica atinge sua real eficácia e oferece resultados duradouros”, ressalta Dr. Cantero.
Com as mudanças, o CFM reafirma o compromisso da medicina brasileira com a ciência, a segurança do paciente e a individualização do tratamento. Mais do que ampliar o acesso ao procedimento, a resolução aponta caminhos mais modernos, humanos e eficazes no enfrentamento de uma das doenças crônicas mais graves e prevalentes da atualidade.
