O diretor-geral-adjunto afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), José Nilton Campana, deve depor hoje (3), às 14h30, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas. Ele foi convocado para falar sobre a denúncia de que a Abin teria sido responsável por grampear ilegalmente o telefone do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes.
Ontem (2), o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, a quem a Abin é subordinada, negou à CPI que a agência tenha realizado, em caráter institucional, qualquer interceptação de telefonemas de ministros do STF. Ele não descartou, porém, a participação de funcionários da Abin no grampo ilegal.
“Não descartamos nenhuma hipótese, nem mesmo essa. A Abin como instituição é uma coisa, mas servidores da Abin são seres humanos, sujeitos a erros e acertos”, afirmou Félix.
Na última segunda-feira (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou o afastamento temporário da cúpula da Abin, comandada por Paulo Lacerda, até que sejam concluídas as investigações sobre o envolvimento do órgão em escutas telefônicas ilegais.
De acordo com matéria da revista Veja, a Abin, subordinada à Presidência da República, teria gravado a conversa telefônica de Mendes com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) no dia 15 de julho. A reportagem traz a transcrição do diálogo e diz que teve acesso aos documentos por meio de um servidor da agência, que pediu anonimato.
A revista informou ainda que os senadores Tião Viana (PT-AC), Arthur Virgílio (PSDB-AM ), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Álvaro Dias (PSDB-PR) também teriam sido grampeados pela Abin. Os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e das Relações Institucionais, José Múcio, além do chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, igualmente teriam sofrido escutas realizadas pela agência. (Agência Brasil)