"Um dia ruim na Câmara", diz a deputada federal em nota divulgada hoje sobre os lamentáveis e vergonhosos episódios na Câmara dos Deputados – a retirada à força do deputado Glauber Braga da diretora e de jornalistas do plenário, com suspensão da transmissão da confusão pela TV Câmara (enquanto deputados bolsonaristas que até hoje não foram punidos não tiveram o mesmo tratamento truculento quando ocuparam a mesa); e a aprovação, na madrugada de hoje, do projeto que reduz as penas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos demais condenados pela tentativa de golpe do Estado, inclusive a dos envolvidos em depredações em Brasília no 8 de janeiro.
Leia a íntegra:
"Nota oficial
Ontem foi um dia ruim na Câmara. É sempre chato ver o Legislativo suavizar penas pra criminosos e ainda acenar para a impunidade dos poderosos. Fomos voto vencido. É o resultado de um Plenário que está distante das pautas da população. Como se fosse pouco a aprovação desta pauta antidemocrática, ontem assistimos cenas de pugilismo no plenário, com deputadas e deputados sendo agredidos pela própria polícia legislativa. Vi também uma deputada sendo pisoteada. E outra empurrada com toda brutalidade. Enquanto isso, jornalistas foram impedidos de trabalhar. E a TV Câmara, num ato de censura, deixou de transmitir a sessão. Um horror. Me indignei. Minha família me ensinou a me posicionar contra injustiças. As cenas de ontem são inaceitáveis numa democracia. São violentas. E não adianta vir pra cima de mim com este velho machismo que tacha todas as mulheres de desequilibradas. Não esperem de mim passividade diante da violência. A população espera dos deputados decoro e foco nas soluções para o país.
Camila Jara, deputada federal (PT-MS)"
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Deputado Glauber Braga é retirado à força após ocupar cadeira do presidente da Câmara
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a cadeira da presidência da Câmara dos Deputados e foi retirado à força por agentes da Polícia Legislativa Federal (veja o vídeo ao fim da matéria). A ocupação começou como protesto, após o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciar que levaria ao plenário o pedido de sua cassação, juntamente com os processos de Carla Zambelli (PL-SP) e Delegado Ramagem (PL-RJ), condenados pelo Supremo. Os casos não tem relação entre si. Além disso, Motta também pautou a votação do projeto para reduzir as penas dos envolvidos na trama golpista.
Glauber Braga pode perder o mandato por ter agredido, com um chute, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), no ano passado, após ser provocado. Ao ocupar a cadeira da presidência, ele criticou a postura de Motta, em agosto, quando deputados de oposição obstruíram fisicamente a mesa diretora do plenário, por cerca de 48 horas. Na ocasião, não houve retirada forçada dos parlamentares e nenhum foi punido. Desta vez, no entanto, menos de uma hora após o protesto, ele foi arrancado do assento por agentes de segurança.
O sinal da TV Câmara, que transmitia ao vivo a sessão em plenário, foi cortado e a imprensa foi retirada sem poder acompanhar a situação. Até o momento, não foi informado se a decisão de cortar a transmissão e mandar esvaziar o plenário e a galeria foi dada por Hugo Motta.
Glauber foi encaminhado para o Salão Verde, com as roupas rasgadas, onde falou com a imprensa, ao lado de deputados governistas, e fez duras críticas à ação. "O senhor [Hugo Motta], que sempre quis demonstrar, como se fosse o ponto de equilíbrio, entre forças diferentes, isso é uma mentira. Porque com os golpistas que sequestraram a mesa, sobrou docilidade, agora com quem não entra no jogo deles, é porrada. Os caras ficaram 48 horas, eu fiquei algumas poucas horas, e já foi suficiente para este tipo de ação", afirmou.
"O que está acontecendo agora é uma ofensiva golpista. A votação da minha cassação com uma inelegibilidade de oito anos não é um fato isolado. Nesse mesmo pacote, eles querem votar a anistia, que não é dosimetria, levando a possibilidade de que Jair Bolsonaro só tenha dois anos de pena. Combinado com isso, eles querem manter os direitos políticos de Eduardo Bolsonaro. Porque quando há o desligamento por faltas, a pessoa continua elegível", criticou.
O parlamentar disse ainda que lutará até o fim pelas liberdades democráticas. "Amanhã [hoje] tem a votação, no plenário da Câmara, da cassação. Eles podem até cassar o mandato, mas eles têm que ter a certeza que, até o último minuto, eu vou estar lutando não é por mim, pelo mandato, não. Eu vou estar lutando para que eles não firam as liberdades democráticas em um pacote golpista, como eles estão tentando fazer. Hoje, fazem comigo, amanhã fazem com outra forças populares, democráticas, e isso não tem como aceitar", completou.
Em nota pela rede social X, Motta afirmou que Glauber Braga desrespeitou a Câmara dos Deputados e o Poder Legislativo. "Inclusive de forma reincidente, pois já havia ocupado uma comissão em greve de fome por mais de uma semana." "O agrupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica. O extremismo não tem lado porque, para o extremista, só existe um lado: o dele. Temos que proteger a democracia do grito, do gesto autoritário, da intimidação travestida de ato político. Extremismos testam a democracia todos os dias. E todos os dias a democracia precisa ser defendida", afirmou Motta. Ele disse ainda que determinou a apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa. (Com Agência Brasil)
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