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Rural Sexta-feira, 24 de Abril de 2009, 10:41 - A | A

Sexta-feira, 24 de Abril de 2009, 10h:41 - A | A

Estado terá sua produção orgânica ampliada

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

Agricultores de Sidrolândia, a 60 km da capital Campo Grande, terão acesso, ainda este ano, às tecnologias do PAIS - Produção Agroecológica Integrada e Sustentável. Ao todo, serão beneficiadas 55 famílias. Na região, que tem 17 assentamentos, com mais de quatro mil famílias, 50 produtores já tiram o sustento por meio do programa, que estimula a agricultura orgânica e a diversificação da produção.

Morador do assentamento Eldorado, José Andrade dos Santos está entre os agricultores que serão beneficiados. Ele pretende fixar-se na zona rural e usar as tecnologias sociais para não repetir os erros do passado, causados principalmente pela falta de orientação técnica.

"Comecei a produzir e me isolei dos outros produtores, e este foi meu erro. Sozinho, tive muita dificuldade em transportar e vender as mercadorias. Aprendi que o pequeno não pode viver isolado, tem que contar com o vizinho e buscar informação", recorda o agricultor.

José Andrade dos Santos está animado para iniciar as atividades e já fez visitas a outras unidades do PAIS para saber o tipo de trabalho que terá a partir de agora. "Quero valorizar esta oportunidade para tentar melhorar de vida. Já conheci o sistema de irrigação e vou investir no orgânico, mas agora com orientação técnica e parcerias vai dar tudo certo", espera.

Em Mato Grosso do Sul, o PAIS funciona há três anos e está em quatro municípios, instalado em 140 propriedades. Além da ampliação em Sidrolândia, estão programadas mais 100 unidades em Campo Grande, 25 em Terenos e 20 em Jaraguari ainda este ano. Para beneficiar estas famílias, o Sebrae e Fundação Banco do Brasil vão destinar R$ 1 milhão. A verba servirá para a implantação da tecnologia, compra de sementes e para o acompanhamento técnico da atividade.

Os beneficiados são agricultores de baixa renda, assentados em projetos de reforma agrária, produtores de áreas remanescentes de quilombos e participantes de programas sociais do governo federal.

"O PAIS é uma oportunidade de fazer a diferença, produzir alimento de qualidade, com o valor agregado do orgânico, que tem mercado potencial em todo o País. No começo, não é fácil fazer chegar à mesa do consumidor, é preciso dispor de volume e freqüência no fornecimento, por isso a união do grupo tem sido incentivada pelas entidades", diz o diretor técnico do Sebrae/MS, Tito Estanqueiro.

Em Sidrolândia, o programa conta com a parceria da Prefeitura Municipal e Agraer. O objetivo principal da tecnologia é garantir a alimentação das famílias produtoras, permitindo ainda um ganho extra com a venda da produção excedente, evitando o êxodo rural.

"Para que permaneçam na zona rural, os agricultores têm que achar o lugar bom para se viver e isso envolve componentes sociais, como acesso à educação e saúde preventiva, além do fator econômico. A cidade de Sidrolândia tem a vantagem de estar muito próxima de Campo Grande, que é o maior centro consumidor do estado", diz Miguel Fernandes Honório, gerente de desenvolvimento regional sustentável do Banco do Brasil.

Benedito Francisco Ferreira há três anos participa do programa e conta com a ajuda da esposa para cultivar alface, rúcula, tomate e outras verduras e legumes. Durante este tempo, cativou clientela fiel em Sidrolândia. Ele vende na feira do agricultor e de porta em porta.

"Faço questão de frisar que neste ramo o planejamento é o que conta. Tem que saber o que vai produzir, se organizar e entender de manejo. Com força de vontade e objetividade o retorno é rápido e a renda garantida", diz.

Segundo ele, com a unidade em funcionamento, o retorno financeiro ocorre em no máximo 90 dias. "A renda varia em torno de R$ 500 por mês, além do sustento da família. A venda é garantida na cidade, mas tem que ter persistência. Muitos desistem com as dificuldades, mas aqueles que não param diante das barreiras vencem", afirma.

PAIS

O PAIS é um sistema circular de agricultura, que permite o cultivo variado de hortaliças e leguminosas ao redor de um galinheiro central. Conta ainda com uma um quintal agroecológico, que é uma área complementar de reflorestamento e cultivo de frutas. Tem baixo custo de produção e é auto-sustentável, pois utiliza adubação orgânica, através da compostagem entre esterco de galinha e sobras da produção. Para iniciar as atividades, as famílias recebem um kit, consultoria técnica e monitoramento durante dois anos para a execução de todas as etapas, desde a escolha e preparo do terreno até a venda da sua produção. (Com informações da Agência Sebrae)

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