Pinacoteca Municipal de São Paulo
Proclamação da República. Óleo sobre tela de Benedito Calixto (1893)
ALESP
Marechal Deodoro da Fonseca proclamando a República em quadro a óleo de Henrique Bernardelli
O Brasil celebra neste dia 15 de novembro um dos eventos mais importantes da história do país, a proclamação da república. Há 134 anos, militares do exército e republicanos civis se mobilizaram e retiraram Dom Pedro II do trono, marcando assim o fim da monarquia instalada no Brasil desde 1822.
Segundo a história, Marechal Deodoro da Fonseca foi quem encabeçou tudo, levando inclusive a fama de ser o articulador de um golpe de estado organizado. Isso porque, ele se uniu a militares do exército e aliados ao movimento republicano, que pretendiam acabar com a Monarquia vigente no país e implantar uma República Federativa e Presidencialista.
De acordo com a pedagoga, historiadora e doutora em História Lenir Gomes Ximenes a proclamação da república não se tratou de um evento popular do qual a população em peso participou. No entanto, foi importante porque inseriu o Brasil no contexto de uma maior modernidade político-administrativa.
Otto Hees (1870-1940) - Argon, Maria de Fátima Moraes (org.)/Petrópolis: Museu Imperial
Da esquerda para a direita: a imperatriz Dona Teresa Cristina, D. Antônio, a princesa Isabel, o imperador, D. Pedro Augusto (filho da irmã da princesa Isabel, d. Leopoldina, duquesa de Saxe), D. Luís, o conde d'Eu e D. Pedro de Alcântara (príncipe do Grão-Pará).
Você sabe de onde vem a expressão “República”?
Ela surgiu em Roma, para ser mais preciso na Roma antiga com o propósito de significar algo público, ou seja, é a intenção de manifestar uma comunidade política organizada e participativa. A Proclamação da República, então, teve como propósito ser uma ação onde torna-se possível que todos os cidadãos de uma nação participem da escolha de seus representantes políticos.
O evento foi consequência de um longo processo de enfraquecimento da monarquia, iniciado na década de 1870 e ocorreu na atual praça da República, que na época era conhecida como praça da Aclamação, no Rio de Janeiro. De acordo com historiadores, a proclamação ocorreu a partir da articulação entre civis e militares que demonstravam insatisfação desde o fim da Guerra do Paraguai.
Acervo Pessoal
De acordo com a historiadora Lenir Gomes Ximenes, a proclamação da república foi importante porque inseriu o Brasil no contexto de uma maior modernidade político-administrativa
De acordo com a historiadora, a proclamação da república significou uma ruptura na história política, “não trouxe de imediato, grandes transformações sociais, isso porque foi uma mudança muito mais político-administrativa, no entanto bastante importante na história do Brasil”, acrescenta.
A historiadora relembra algumas transformações que o Brasil passava, no final do século XIX, entre elas, em 1888, a abolição da escravatura e a guerra do Paraguai. Segundo a doutora, já havia um descontentamento com a monarquia por parte da oligarquia rural, principalmente dos cafeicultores, na época um setor bastante importante.
Segundo a professora, os cafeicultores se sentiam lesados por causa da abolição da escravatura, um tipo de mão de obra muito utilizado na época. Além deles, havia também um descontentamento por parte dos militares que esperavam um pouco mais de protagonismo político no pós-guerra do Paraguai e acharam então que Dom Pedro não correspondeu à expectativa.
Arquivo Nacional
Marechal Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto
A história nos mostra que a união dos militares e da oligarquia culminaram na derrubada da Monarquia e por consequência o protagonismo assumido pelos militares. Ela relembra que, num primeiro momento, essa República foi marcada por bastante autoritarismo, conhecido na época como República da espada. Quem esteve à frente foram os Governos dos militares Marechal Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
Depois, surgiu a República Oligárquica, e quem ocupava o poder era a Oligarquia Rural, ou seja, os grandes proprietários de terra, que haviam sido os protagonistas na Proclamação da República. Nessa época já havia as eleições presidenciais, o voto era aberto e pessoas analfabetas não podiam votar, ou seja, não havia uma ampla Participação Popular.
A república surgiu como uma nova forma de organização do poder, e segundo a historiadora foi o primeiro passo para chegarmos à democracia atual. Para ela, os brasileiros têm muito o que celebrar e refletir sobre o que foi alcançado até aqui.
Além disso, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu como primeiro presidente do Brasil. O país se tornou um Estado laico e o presidencialismo tornou-se o sistema de governo. A organização da república tomou forma quando foi promulgada uma nova Constituição no ano de 1891.
Cinco curiosidades da Proclamação da república:
1) Além da crítica vinda do exército e cafeicultores, a monarquia sofreu pressão de outros grupos: fazendeiros contrários à abolição, elite intelectual influenciada por ideologias europeias que apoiavam uma República liberal, elite política que via na República a chance de ocupar o protagonismo que a organização monárquica impedia
2) Ao proclamar a República, no dia 15 de novembro de 1889, Deodoro da Fonseca estava com um ataque de dispneia. Foi tirado da cama no meio da noite para comandar o cerco ao Ministério.
ALESP
Funeral do Imperador Pedro II do Brasil. Seu corpo está sendo carregado sobre as escadas da Igreja da Madeleine, Paris, France em 1891
3) Dom Pedro ficou sabendo da movimentação de tropas no Rio de Janeiro quando estava numa casa de banhos em Petrópolis.
4) A partir de 1949, 15 de Novembro é feriado nacional, regulamentado pela Lei Federal 662, do presidente Eurico Gaspar Dutra.
5) Nada de Marechal Deodoro da Fonseca. O primeiro a dar o grito da República (e também da Independência) foi o sargento-mor e vereador de Olinda (Pernambuco) Bernardo Vieira de Melo. O militar lançou a proposta em 10 de novembro de 1710 porque estava insatisfeito com a exploração abusiva do país pelos monarcas portugueses.
Deurico/Capital News
Bandeira nacional da República Federativa do Brasil
