Acervo pessoal
O acidente rendeu ao trabalhador um ferimento no pescoço, na cabeça, escoriações pelo corpo, além de 13 pontos na língua
O certo era eu ficar em casa, mas como? Preciso de dinheiro!
“O certo era eu ficar em casa, mas como? Preciso de dinheiro! Ontem mesmo eu já fui às ruas vender, não dá pra ficar parado”. Essa é a realidade de um trabalhador que mesmo acidentado, precisa se sustentar. O Rinaldo dos Santos Ramos, de 52 anos, conhecido como “Paraíba” sofreu um acidente e imagine como? Com um dos problemas mais comuns em Campo Grande, fios soltos na rua.
Todos os dias, Rinaldo, que trabalha como vendedor ambulante, vai às ruas vender pen drives, carregador, balas, chicletes e outros artigos. No entanto, na última segunda-feira (9) a rotina dele foi diferente, emprestou uma moto de um amigo e no percurso, foi atingido por um fio, segundo ele, rompido por um caminhão pouco tempo antes.
Apaguei e acordei dentro da ambulância
O acidente foi no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua Rio Grande do Sul, no Jardim dos Estados e rendeu ao trabalhador um ferimento no pescoço, na cabeça, escoriações pelo corpo, além de 13 pontos na língua. “Mais de 30 anos que ando de moto, esse foi meu primeiro acidente. Eu devia estar a uns 40 km por hora, do nada, eu apaguei e acordei dentro da ambulância”, disse.
O trabalhador recebeu a orientação médica para ficar em casa, de repouso, mas para honrar os compromissos de casa e o conserto da moto que emprestou, não consegue ficar parado. “Estou vendendo uma rifa no valor de 20 reais, o valor vai me ajudar com as despesas”, disse ele.
Em Campo Grande, uma lei complementar n. 348, de 2 de abril de 2019 dispõe sobre a obrigatoriedade das empresas a promoverem a regularização e a retirada dos fios inutilizados, em vias públicas do Município, mas, na prática, a lei não saiu do papel. De acordo com o advogado Felipe Gonçalves Calvoso o serviço de fornecimento de energia elétrica é feito pela Energisa, sendo ela responsável de forma objetiva pelos danos.
Acervo pessoal
A orientação médica foi foi para que o trabalhador ficasse em casa, de repouso, mas para honrar os compromissos já está trabalhando
Ele acrescenta que o serviço de fornecimento de energia elétrica é atividade de alto risco, tendo a concessionária responsabilidade pela manutenção da rede e a segurança do serviço. Segundo o advogado, no caso da responsabilidade objetiva, cabe ao prejudicado, usuário do serviço, comprovar o nexo causal e os danos. Ele fala que por ser concessionária de serviço público, o Estado responde também, mas de forma subsidiária, em caso de ação judicial.
De acordo com a Concessionária de Energia Elétrica de Mato Grosso do Sul, a Energisa, os postes são compartilhados entre as companhias telefônicas e de internet, cada empresa detentora dos fios, é responsável pela fiação solta. Segundo a Energisa, as empresas de telefonia e internet são notificadas nos casos em que houver risco à segurança ou irregularidade no padrão técnico da instalação.
A Concessionária afirma que inspeções de rotina são realizadas pela concessionária nos locais que possuem a fiação nas estruturas compartilhadas. A orientação da Energisa nos casos de cabos partidos ou postes com fiações caídas ao chão, é isolar a área e entrar em contato com a empresa imediatamente pelo 0800 722 7272.
O vendedor ambulante conta que além dos ferimentos, o acidente também causou danos materiais. O fio arrancou o capacete que ele havia acabado de comprar, além disso, com a queda, o freio estragou, parte da lataria da moto foi amassada e um dos retrovisores foram quebrados.
Acervo pessoal
O vendedor ambulante conta que com acidente perdeu a consciência. Quando acordou, já estava no hospital
