No jogo da vida, encontros e desencontros entre integrantes da família são habituais. O que não é comum é tratar deles com a sutileza e a grandiosidade do filme “Sometimes, Always, Never”, de Carl Hunter. O experiente ator Bill Nighy vive com brilhantismo o papel de um pai que procura por anos o filho, seja em necrotérios, seja em jogos virtuais pela Internet.
Unesp
Oscar D'Ambrosio
O rapaz saiu de casa em meio a uma discussão no Scrabble (mais conhecido no Brasil com o nome de Palavras cruzadas), jogo de tabuleiro em que dois a quatro jogadores procuram marcar pontos formando palavras interligadas, usando pedras com letras num quadro dividido em 225 casas.
É claro que a discussão sobre a possibilidade de usar uma palavra no jogo escondia divergências maiores. E a fuga do irmão mais velho deixou o irmão mais novo sempre como um número dois, uma alternativa pouco honrosa para o desaparecimento do primeiro. Tudo isso vem à tona em diálogos e expressões primorosamente urdidas.
A tensão se amplia quando o pai acredita que o filho está jogando Scrubble com ele pela internet. Trata-se de uma caça real a um ser talvez imaginário, que tem ainda como destaque a breve participação da atriz Jenny Agutter como mãe de um jovem igualmente desaparecido misteriosamente. Nesse encontros e desencontros, a vida segue seu confuso caminho.
*Oscar D’Ambrosio
Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutore pós-doutorando em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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