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Após o incêndio que causou destruição na Catedral Notre-Dame, em Paris, parte de suas relíquias, como a Santa Coroa, puderam ser salvas.
Na última segunda-feira (15), um incêndio começou às 18h50 de Paris e só foi extinto na manhã de terça-feira (16). Apesar do trabalho intenso dos 400 bombeiros, parte da estrutura foi consumida pelas chamas, que só foram controladas depois de nove horas de incêndio.
De acordo com o ministro do Interior da França, Laurent Nuñez, todo o telhado e toda a armação foram destruídos, parte da abóbada e a "flecha" (torre mais alta) caíram. Porém, no geral, a estrutura do prédio resistiu bem.
Entre as relíquias valiosas guardadas na igreja, a Santa Coroa que, segundo a tradição católica foi utilizada por Jesus Cristo antes da crucificação, não sofreu danos. Composta de um "círculo de juncos unidos por fios de ouro, com um diâmetro de 21 centímetros", segundo o site da catedral.
O mesmo foi feito com outras duas relíquias da Paixão de Cristo, como um pedaço da cruz e um prego que teria perfurado seu corpo.
Além destas, segundo o G1, também estão intactas as esculturas em mármore dentro da catedral não foram queimadas, apenas danificadas pela fumaça. Entre elas, a monumental Virgem, de Nicolas Coustou, encomendada por Louis XIV e esculpida entre 1712 e 1728.
Cerca de Dezesseis esculturas de cobre representando os 12 apóstolos e quatro evangelistas, que faziam parte da agulha, foram salvas por sorte, conforme a Rádio França Internacional. A catedral estava sendo restaurada desde 2018 e, há cinco dias, as estátuas foram retiradas para reparos.
De acordo com o porta-voz da Catedral Notre-Dame, André Finot, constatou que os três imensos vitrais da igreja, de 13 metros de diâmetro, chamados de "rosáceas", resistiram. "Essas joias do século XII e XIII nem se mexeram", comemorou o assessor de comunicação do monumento. No entanto, o calor pode ter afetado a cor dos vidros.
Ainda segundo o G1, o imenso órgão da Notre-Dame não foi queimado, o que Vincent Dubois, um dos responsáveis pelo instrumento, considerou "um milagre", em entrevista à rádio France Info.
Porém, o instrumento ainda deve passar por uma avaliação. Ele acredita que os seus tubos podem ter sido afetados pelo calor e pelos jatos d'água utilizados pelos bombeiros para abater as chamas.
O instrumento deverá ser desmontado e colocado em um local protegido até que o teto da catedral seja reconstruído.
O instrumento, com seus cinco teclados e cerca de 8 mil tubos, foi construído a partir do século XV. Ele foi sendo ampliado progressivamente até alcançar seu tamanho atual no século XVIII.
Ele também sobreviveu à Revolução Francesa sem danos, "com certeza graças à interpretação de músicas patrióticas", segundo o site da catedral.
Túnica de São Luís
A túnica de São Luís, um dos reis mais famosos da França, também escapou das chamas, de acordo com a AFP.
Já o telhado da igreja, que datava do século XIII, foi completamente destruído pelo incêndio. Com uma centena de metros de comprimento e 13 de largura, o mais antigo da França, esta obra-prima da arquitetura não poderá ser recuperada.
Arquitetos e especialistas da polícia e do governo detectaram “algumas vulnerabilidades” também na estrutura de sustentação do telhado e na ala norte.
‘Flecha’ (Torre mais alta)
Inaugurada em 15 de agosto de 1859, a ‘flecha’ (torre mais alta) desmoronou no início da noite de segunda-feira, diante dos olhos dos parisienses e turistas incrédulos que acompanhavam a tragédia no local.
A estrutura de cerca de 500 toneladas de madeira e 250 toneladas de chumbo chegava a 96 metros de altura. A estrutura é de autoria do arquiteto Eugène Viollet-le-Duc.
Após analisarem os danos, especialistas dizem que a reconstrução da catedral pode levar décadas. O governo francês já deu início aos trabalhos para viabilizar a restauração do famoso monumento, que recebe 13 milhões de visitantes por ano. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, lançará oficialmente uma coleta de fundos.
Bilionários e doadores privados estão se mobilizando para financiar a reconstrução da catedral. Duas das maiores fortunas da França, as famílias Arnault e Pinault, anunciaram uma ajuda de € 200 milhões e € 100 milhões, respectivamente.
Notre-Dame de Paris
Apelidada de “floresta”, devido ao grande número de árvores utilizadas para construí-la, a estrutura do telhado da igreja, que datava do século XIII, foi completamente destruída