O boletim mais recente do Serviço Geológico do Brasil, divulgado na última sexta-feira (06), revela que todos os rios da Bacia do Paraguai estão enfrentando uma drástica redução de seus níveis de água. Em Ladário, a estação de referência caminha para um nível tão baixo quanto o registrado em 1964, quando a medição marcou 61 centímetros abaixo da cota mínima. Este ano, alguns pontos já atingiram marcas negativas históricas, reforçando o cenário crítico.
O Rio Paraguai, que é vital para o equilíbrio do Pantanal, sofre com a seca severa, altas temperaturas e incêndios sem precedentes. De suas 21 réguas de medição, 18 estão abaixo do nível esperado para o período, sendo que três registram níveis negativos. A previsão do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) indica que as chuvas só devem chegar à região do Pantanal e parte do Cerrado em outubro. Até lá, as temperaturas continuarão acima da média, com ondas de calor consecutivas.
O Rio Paraguai é essencial para o pulso de inundação da planície pantaneira, influenciando diretamente a vida no bioma. Seu curso abrange os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Brasil, além de se estender pela Bolívia, Paraguai e desaguar na Argentina. Com uma área de 170 mil km², equivalente ao tamanho do Uruguai, o rio sustenta mais de 380 espécies de peixes, 580 de aves e cerca de 2,2 mil plantas. No entanto, todo esse ecossistema está ameaçado. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alertou que o Pantanal pode desaparecer até o fim do século, caso não sejam tomadas medidas urgentes.
Em Ladário, a régua de medição indicava, na sexta-feira (6), um nível de -25 centímetros, quando o esperado para o período era de 3,53 metros. Em Porto Esperança e Forte Coimbra, ambos em Corumbá, os níveis também estão negativos, registrando -93 cm e -150 cm, respectivamente. O Serviço Geológico do Brasil prevê cenários críticos para Cáceres, Ladário e Porto Murtinho, com projeções de seca que podem se igualar ou superar os piores registros históricos.