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Moda e Beleza Domingo, 16 de Agosto de 2020, 11:12 - A | A

Domingo, 16 de Agosto de 2020, 11h:12 - A | A

Coluna Moda e Beleza

Algodão colorido geneticamente modificado promete tornar indústria têxtil mais sustentável

Por Aline Reis

Da coluna Moda e Beleza
Artigo de responsabilidade do autor

Descoberta pode evitar contaminação de rios e mares por corantes tóxicos utilizados em massa para tingir tecidos

Divulgação

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Cientistas australianos começaram a testar mutações genéticas para que o algodão nasça colorido. Até agora, as cores já obtidas foram roxo, amarelo, vermelho, laranja e preto – cor que exige mais químicos para ser produzida em processos comuns. O estudo pode apontar para uma maneira de diminuir a poluição produzida pela indústria têxtil na etapa de tingimento das roupas.


Para atingir novas colorações, genes de plantas naturalmente coloridas foram misturados ao código genético do algodão. Até o momento, o cultivo é feito em pequena quantidade, ainda em placas de Petri – recipiente que profissionais de laboratório utilizam para a cultura de microrganismos.


O projeto ainda está em fase inicial, mas a expectativa é de que as plantas possam florescer e produzir algodão em maior escala ainda nos próximos meses. Então, seria possível colher e confeccionar roupas coloridas sem a adição de corantes artificiais.


Poluição na indústria têxtil
Colleen MacMillan, cientista que lidera o projeto, identifica a descoberta como uma inovação revolucionária. “Ter o algodão produzindo sua própria cor é uma virada no jogo”, disse MacMillan. Isso porque boa parte da degradação ambiental causada pela confecção de roupas vem do processo de coloração.


Os corantes são tóxicos e, muitos deles, estritamente proibidos em países desenvolvidos, o que faz essa etapa ocorrer em nações em desenvolvimento, como Índia e China, que não possuem fiscalização eficiente acerca de poluição ambiental ou direitos dos trabalhadores.


A produção de tecidos mundial demanda cerca de nove trilhões de litros de água anualmente. Três quartos desse volume se tornam resíduo não potável, já que entrou em contato direto com corantes ricos em metais pesados, como chumbo, e outras substâncias químicas agressivas.


Ainda assim, as vestimentas e suas cores são tidas como essenciais como forma de expressão da população e também para a geração de emprego em todo o mundo. As calças jeans, por exemplo, das quais o Brasil é um dos maiores produtores, estão no armário da maioria dos brasileiros nos mais diferentes modelos – do mom jeans ao skinny – e hoje é peça essencial na moda casual democrática.


Algodão colorido brasileiro
Os produtores brasileiros também buscam alternativas para melhorar os impactos ambientais da grande indústria têxtil do país. No estado da Paraíba, o trabalho do Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) permitiu que a produção de um algodão colorido nacional voltasse a crescer.


Diferentemente do produzido na Austrália, o algodão paraibano é orgânico, isto é, não sofreu com a influência de nenhuma ação química induzida para atingir sua coloração – ainda melhor para o meio ambiente. A espécie, encontrada em diversos países do mundo desde antes de Cristo, só sai perdendo para a versão geneticamente modificada quando o assunto é variedade de cores. Isso porque, naturalmente, a planta atinge apenas diferentes tons de marrom.

 

 

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