Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram indiciados ontem pela Polícia Federal por crimes de coação a autoridades responsáveis pela ação penal em que o ex-presidente é réu no Supremo por tentativa de golpe de Estado. O pedido de indiciamento foi enviado ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, com um relatório de 170 páginas no qual os delegados Leandro Almada, Rafael Caldeira e Itawan Pereira descrevem o passo a passo dos crimes cometidos pela família Bolsonaro.
O relatório da PF também resultou em medidas contra o pastor Silas Malafaia, alvo de busca e apreensão e de retenção de passaporte. “Com base nos elementos probatórios apresentados neste relatório, conclui-se que EDUARDO NANTES BOLSONARO e JAIR MESSIAS BOLSONARO, com a participação de PAULO FIGUEIREDO e SILAS LIMA MALAFAIA, encontram-se associados ao mesmo contexto, praticando condutas com o objetivo de interferir no curso da Ação Penal n. 2668 - STF, processo no qual o segundo nominado consta formalmente como réu”, apontou a PF.
Para os investigadores, o lobby de Eduardo junto à Casa Branca colaborou para a aplicação do tarifaço do governo Donald Trump contra o Brasil e para o uso da Lei Magnitsky contra Moraes, que está impedido de usar serviços financeiros de empresas norte-americanas.
DINHEIRO VIA ESPOSAS
A PF analisou movimentações bancárias de Bolsonaro e Eduardo e identificou que eles passaram dinheiro para contas de suas esposas “para dissimular a origem e o destino de recursos financeiros com o intuito de financiamento e suporte das atividades de natureza ilícita do parlamentar licenciado no exterior”. Segundo a PF, o ex-presidente transferiu R$ 2 milhões para a conta da sua esposa, Michelle Bolsonaro, e, no dia seguinte, Heloísa Bolsonaro, esposa de Eduardo, recebeu os valores em sua conta.
Com a quebra de sigilo bancário de Bolsonaro e Eduardo, a investigação também identificou pelo menos seis compras de dólar por Bolsonaro entre janeiro e julho deste ano. Também foi encontrada na casa do ex-presidente uma minuta de pedido de asilo político na Argentina.
Conversas de áudio extraídas do celular de Bolsonaro revelam que ele disse a Eduardo que mantém conversas com ministros do Supremo. Ele afirma que tem “conversado com alguns do STF” e que “todos ou quase todos, demonstram preocupação com sanções”, dos EUA contra o Brasil. O ex-presidente não especifica com quais ministros teria conversado. (Com Estadão e O Globo)
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