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Cotidiano Sábado, 18 de Outubro de 2014, 12:53 - A | A

Sábado, 18 de Outubro de 2014, 12h:53 - A | A

Pesquisadora do Estado transforma garrafas PET em blocos de concreto

Luciana Recio - Capital News (capitalnews.com.br)

A acadêmica de Engenharia Ambiental da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Camila de Carvalho Sousa, desenvolveu, por meio da pesquisa intitulada “Caracterização física e mecânica de blocos vazados de concreto simples confeccionados com a adição parcial de resíduos plásticos pós consumo: Classificação”, blocos de concreto para a construção civil reutilizando garrafas PET.

Com orientação dos professores Aguinaldo Lenine Alves e Antônio Aparecido Zanfolim, a motivação para o projeto veio porque no Brasil estima-se a produção de 0,5 a 1 kg/hab/dia de lixo e a indústria de embalagens está amplamente associada à crescente geração destes resíduos. Dessa forma, a estudante decidiu reutilizar as embalagens para criar os blocos de concreto.

Além de que, no País, a maioria dos fabricantes de refrigerantes utiliza embalagens descartáveis, sendo, 80,2% embalagens PET, indicando um consumo anual de aproximadamente 250 bilhões de unidades; deste total, cerca de 4,7 bilhões de unidades são lançadas indiscriminadamente no meio ambiente.

No processo de produção dos blocos de concreto, 15% da quantidade de areia foi substituída por garrafas pet usadas, que depois de moídas se tornaram pó. As garrafas utilizadas para o trabalho foram obtidas de pontos de coletas, antes de serem encaminhadas ao aterro sanitário de Dourados.

Como resultado os blocos de concretos ficaram mais resistentes à compressão e os resíduos plásticos proporcionaram o preenchimento dos poros existentes. Com isso o produto final teve uma melhor compactação, ficou menos permeável, mais resistente a impactos devido ao aumento significativo da resistência à compressão, classificando-o como Classe C, com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima do nível do solo.

De acordo com Camila, no decorrer deste estudo, constatou-se que, para se produzir 15 blocos de concreto com a adição de resíduos plásticos moídos em substituição a 15% de areia necessitam-se de aproximadamente 80 garrafas plásticas de dois litros. Com isto, conclui-se que na execução do projeto de uma casa popular, de 42m², serão necessárias 8.187 unidades de garrafas PET.

“Isto representa um grande benefício econômico e ecológico, já que, neste caso, proporcionariam o aumento da vida útil de aterros sanitários, a diminuição da poluição de terrenos e locais públicos e, principalmente, a retirada de área dos leitos dos rios seria atenuada. Por ser simples e de fácil padronização, a reutilização das garrafas PET não agrega alto valor às indústrias do setor. Assim sendo, uma opção inovadora, uma alternativa ecologicamente correta, capaz de suprir as necessidades do setor da construção civil em conjunto com o desenvolvimento sustentável”, ressaltou.

A pesquisadora termina enfatizando que é necessária a introdução de políticas públicas, incentivos privados e parcerias com as indústrias de bebidas e produtoras de plásticos, visando ao gerenciamento das garrafas PET descartadas, facilitando, assim, o reuso delas.
 

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