O Flamengo tomou um soco do Botafogo e ficou de pé. Apenas coçou o rosto e pediu mais após sair da Taça Guanabara. A autoconfiança e a integridade não foram abaladas, mas nesta quarta-feira, o time enfrenta um desafio na estreia da Taça Libertadores cujas consequências em caso de tropeço serão bem mais graves. Jogando no Maracanã o Rubro-Negro recebe o Universidad Católica com a inscrição “vitória obrigatória” grudada na testa de todo o elenco.
O time ganhou um desfalque de última hora. Na tarde desta quarta, o goleiro Bruno, com dores no músculo adutor da coxa direita, foi vetado pelo departamento médico rubro-negro. Com isso, o reserva Marcelo Lomba, criado nas categorias de base do clube, assume o gol.
O título brasileiro e a chegada de Vagner Love deram ao clube carioca o status de equipe a ser batida. No Chile não são raras vezes que a imprensa utiliza a palavra medo” para referir-se ao jogo desta quarta.
“É bem melhor entrar em campo respeitado do que menosprezado. E se isso acontece é porque o nosso time fez por merecer. Nem sempre o melhor vence e vimos isso contra o Botafogo, quando tivemos muito mais chances e eles, em duas bolas mataram a partida” disse o lateral Léo Moura.
A obrigação de vencer às vezes atrapalha. Contra o Botafogo, por exemplo, o decantado favoritismo terminou em derrota. E o discurso dos jogadores lamentando as chances perdidas e considerando o Alvinegro o “time de uma jogada só” deu a impressão de falta de humildade.
A Libertadores é, sem dúvida, a prioridade em 2010. Principalmente depois dos recentes fracassos na competição. Nas três participações neste século, o Rubro-Negro foi eliminado na primeira fase em 2002 e nas oitavas em 2007 e 2008. O último e único título aconteceu em 1981.
Corinthians X Racing
Sete participações, nenhum título, nenhuma final e alguns fracassos históricos. O currículo do Corinthians na Taça Libertadores da América justifica o fato de o torneio ser uma obsessão para a maioria dos alvinegros. E é recheado de estrelas e com grande investimento que o Timão inicia nesta quarta-feira, contra o Racing-URU, às 21h50m, no Pacaembu, a caminhada em busca da inédita conquista.
Apontado como favorito por alguns adversários e também em algumas casas de apostas especializadas em futebol, o Corinthians ainda não veste esse rótulo. Mas o técnico Mano Menezes afirma entender o motivo de tanta atenção por parte dos alvinegros em relação à competição. O mais perto que o Timão chegou do título foi em 2000, quando foi eliminado pelo arquirrival Palmeiras, na semifinal.
“É uma obsessão porque é um título que pertence a poucos. É objeto raro. No início, quando você era campeão estadual, tinha um valor maior, porque não tinham muitos times com esse título. Poucos times brasileiros têm uma Libertadores, então ela ficou cobiçada demais. E uma conquista ainda te dá a possibilidade de jogar um Mundial de Clubes” falou Mano, vice-campeão com o Grêmio em 2007.
Além da semifinal que chegou em 2000, o Timão foi ainda até as quartas de final em 1996 e 1999, às oitavas de final em 1991, 2003 e 2006, e não passou sequer da primeira fase em 1977, ano da primeira participação alvinegra no torneio. Roberto Carlos, uma das principais estrelas do clube na competição, sabe da fama de favorito que o Corinthians pegou, mas dá um alerta antes do início da caminhada.
“Esse apoio todo da torcida tem que dar tranquilidade para gente. Não podemos entrar nessa euforia. Nós temos de mostrar que somos favoritos dentro de campo, com resultado” declarou o lateral-esquerdo.
O Corinthians estreia na Libertadores da América com o que tem de melhor disponível. A partida, aliás, marcará o retorno de Ronaldo à equipe depois de uma lesão muscular na coxa direita, que o tirou de combate no dia 27 de janeiro, no empate por 1 a 1 com o Mirassol. Nesse jogo, por sinal, ele marcou seu único gol até aqui na temporada.
“Não é época de poupar. Nós estamos jogando o campeonato que sempre dissemos ser o mais importante da temporada. Não sei ainda se o Ronaldo terá condições de atuar por 90 minutos, mas depois do trabalho que fizemos com ele a chance disso acontecer é maior” declarou o técnico Mano Menezes.
Embora tenha utilizado Matías Defederico ao lado do Fenômeno no treinamento coletivo da última quinta-feira, o comandante alvinegro prefere manter certo mistério em relação ao companheiro do camisa 9 no ataque. O experiente Iarley, de 35 anos, é a outra opção, mas trabalhou na equipe reserva.
“É a única dúvida que vamos levar para o jogo. Vamos decidir apenas nos minutos que antecedem a partida. Para jogar contra uma equipe que sabemos que terá uma marcação forte, temos de ter duas opções” finalizou o treinador alvinegro.
Do lado do Racing, o técnico Juan José Verzeri também terá força máxima para o duelo com o Timão. Essa será a terceira partida da equipe na Libertadores. Antes, despachou o Junior Barranquilla da fase de repescagem. Assim, assegurou vaga no Grupo 1. (Globo Esporte)
