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Cotidiano Terça-feira, 18 de Dezembro de 2012, 10:35 - A | A

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2012, 10h:35 - A | A

Processo de fechamento do lixão impede a entrada de 150 catadores no aterro

Bruno Chaves e Fernanda Kintschner - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Cerca de 150 catadores de material reciclável foram impedidos de entrar no lixão de Campo Grande na manhã desta terça-feira (18), devido o processo de fechamento do aterro sanitário, iniciado hoje pelo prefeito Nelson Trad Filho. A Defensoria Pública está no local para acompanhar a situação dos catadores.

Segundo a defensora pública Olga Lemos Cardoso de Barros, cada impedimento de entrada de catador no aterro vai gerar multa de R$ 140, por dia, á prefeitura. Só hoje, por exemplo, a prefeitura pode ser multa em cerca de R$ 21 mil.

“Na sexta-feira [14] os procuradores [do município] se esconderam para não receber a notificação. Hoje a Polícia Militar veio aqui impedir a entrada dos catadores alegando que estão aqui para resguardar o patrimônio da Solurb. Então quer dizer que o patrimônio é mais importante que a vida dos catadores?”, questionou a defensora Olga de Barros, que está filmando toda a situação para comprovar que os trabalhadores estão sendo impedidos de entrar no local.

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Defensora pública, Olga de Barros, acompanha a situação dos catadores
Foto: Minamar Junior/Capital News

Os catadores estão na frente do aterro querendo entrar, já que um dia sem trabalho equivale um prejuízo de R$ 140. O vice-presidente da Associação dos Catadores Atimaras, Sérgio Souza, conhecido como gauchinho, está acompanhado a situação e alerta: “se nós estamos sendo impedidos de entrar no lixão, nós também vamos impedir os caminhões de entrar”.

O efetivo da Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais (Cigcoe) está no lixão, assim como quatro policiais da Cavalaria, um da Ronda Ostensiva com Apoio de Motos (Rocam) e contingente da Polícia Militar (PM), além quatro patrulhas da Guarda Municipal.

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Viaturas da polícia na frente do lixão
Foto: Minamar Junior/Capital News

Impasse

Na última sexta-feira (14), a Defensoria Pública entrou com ação civil pública com pedido de tutela antecipada, que pede a condenação do município de Campo Grande por danos morais e materiais para cada dia que os catadores forem impedidos de trabalharem no lixão. A defensoria também pede que o lixão não seja fechado sem que se resolva a situação desses trabalhadores, já que a renda deles depende do lixão e a usina de reciclagem não está pronta, como afirmou o prefeito.

Segundo Nelsinho, a usina não está pronta para operar, mas sim para dar treinamento necessário para os trabalhadores do lixão. Os catadores afirmam que apenas 30% da usina está pronta.

O superintendente da Solurb, Elcio Terra, informou que a usina já vai conseguir atender 140 catadores cadastrados, 100 efetivos que trabalham todos os dias no lixão e 40 catadores esporádicos, que trabalham algumas vezes na semana.

A partir desta quinta-feira (20), segundo Elcio Terra, a usina começa a funcionar. Segundo ele, hoje e amanhã, representantes da Solurb vão se reunir com os catadores, para fornecerem os uniformes e organizar as equipes, administrativa e operacional.

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Superintendente da Solurb, Elcio Terra, explica sobre o funcionamento da usina de reciclagem
Foto: Minamar Junior/Capital News

Ainda de acordo com Elcio, a cooperativa vai ser chamada de Cooper Novo Horizonte. “Daqui há três meses a usina vai estar em pleno funcionamento e com capacidade máxima de trabalho, de 400 a 500 trabalhadores na separação do lixo”, completou Terra, dizendo que a usina vai atender todos os trabalhadores para que não fiquem sem serviço.

Desabafo

O último catador que saiu do lixão está manha, Rodrigo Leão Marques, conhecido como Carioca, saiu do aterro, parou na entrada e gritou: “Eu sou o último catador a sair daqui. A gente só quer trabalhar e ganhar nosso sustento. Se aquela obra [usina] tivesse pronta, nós estaríamos lá trabalhando dignamente”. Carioca passou a última noite catando material no aterro.

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Rodrigo Leão Marques, último catador a sair do lixão, desabafa dizendo que só quer trabalhar
Foto: Minamar Junior/Capital News

 

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