Antonio Cruz/Agência Brasil
Bolsonaro para jornalistas: 'Você acredita em Comissão da Verdade? Foram sete pessoas indicadas pela Dilma'
Jair Bolsonaro disse hoje, em Brasília, que vai respeitar a Lei da Anistia de 1979 e não pretende "mexer no passado", mas contestou levantamentos da Comissão da Verdade. Indagado por jornalistas se vai contestar a versão oficial da comissão, de que o advogado Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB Felipe Santa Cruz, morreu sob tutela do Estado durante o regime militar, Bolsonaro – que disse ontem em vídeo (Veja abaixo) que o advogado teria sido morto por seu próprio grupo guerrilheiro – afirmou: "Você acredita em Comissão da Verdade? Foram sete pessoas indicadas pela Dilma (...) Não é contestar. Se gastou mais de R$ 5 bilhões, dinheiro público do povo que trabalha para dar para quem nunca trabalhou. Você acha justo que a gente tem que continuar?". "Nós queremos desvendar crimes. A questão de 64, existem documentos de matou, não matou, isso aí é balela", acrescentou o presidente, que concluiu: "Eu não pretendo mexer no passado, eu pretendo respeitar a Lei da Anistia de 79".
• • • • •
Em vídeo, Bolsonaro afirma que “grupo terrorista” matou pai do presidente da OAB
Reprodução de vídeo
Bolsonaro em vídeo: 'Não foi os militares que mataram ele não, tá. É muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece'
Diante da nova polêmica gerada ao afirmar hoje à imprensa que se o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, quisesse saber como o pai dele morreu, ele contraria, Jair Bolsonaro disse em vídeo hoje no Facebook que o pai do advogado foi morto pelo "grupo terrorista" Ação Popular, no Rio, ao qual pertencia. "Resolveram sumir com ele", afirmou o presidente. "Não foi os militares que mataram ele não, tá. É muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece", acrescentou Bolsonaro, contrariando versão da Comissão da Verdade que diz que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira foi morto por agentes da ditadura. "Não quero mexer com os sentimentos do senhor Santa Cruz, pois não tenho nada de pessoal no tocante a ele. Eu acho que ele está equivocado em acreditar em uma versão apenas do fato, mas ele tem todo direito de me criticar etc. Mas essa é a versão minha do contato que tive de quem participou ativamente do nosso lado naquele momento para evitar que o Brasil se transformasse em uma Cuba”, disse Bolsonaro, enquanto era filmado cortando o cabelo. Veja o vídeo.
• • • • •
OAB repudia declarações e diz que Bolsonaro deve “respeito aos mortos”
Eugênio Novaes/OAB
Em nota, OAB que presidente da República deve respeitar a Constituição e respeitar 'memória dos mortos'
A OAB nacional divulgou nota repudiando as declarações feitas ontem por Jair Bolsonaro à imprensa, quando afirmou: "Um dia se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade" (Veja abaixo). Na nota, a OAB diz que todas as autoridades, "inclusive o Senhor Presidente da República, devem obediência à Constituição (...) na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos", se solidariza com "todas as famílias daqueles que foram mortos, torturados ou desaparecidos, ao longo de nossa história, especialmente durante o Golpe Militar de 1964, inclusive a família de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, atingidos por manifestações excessivas e de frivolidade extrema do Senhor Presidente da República", e conclui: "A diretoria, o Conselho Pleno do Conselho Federal da OAB e o Colégio de Presidentes das 27 Seccionais da OAB repudiam as declarações do Senhor Presidente da República e permanecerão se posicionando contra qualquer tipo de retrocesso, na luta pela construção de uma sociedade livre, justa e solidária, e contra a violação das prerrogativas profissionais". Leia aqui a íntegra.
• • • • •
Bolsonaro: “Se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu, eu conto”
Fotos Isac Nóbrega/PR e Eugênio Novaes/OAB
Bolsonaro sobre o presidente da OAB Felipe Santa Cruz: 'Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele'
Jair Bolsonaro disse ontem à imprensa que "um dia" contará ao presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, como o pai dele, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, desapareceu na época da ditadura militar. O presidente deu a declaração ao criticar a OAB no caso de Adélio Bispo, autor da facada contra ele durante a campanha eleitoral: "Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados [do Adélio]? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB?”, questionou.
Em seguida, Bolsonaro afirmou: "Um dia se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele. (...) Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar às conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio a desaparecer no Rio de Janeiro."
A desavença dos dois não é recente. Ao divulgar a notícia, o Estadão lembra que, quando era presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz iniciou um movimento em 2016 para pedir ao Supremo a cassação do mandato do então deputado Bolsonaro por "apologia à tortura" ao homenagear o coronel Carlos Brilhante Ustra, que comandou o Doi-Codi paulista, quando votou pelo impeachment de Dilma Rousseff.
Leia a coluna de hoje clicando aqui em Marco Eusébio in Blog
LEIA A COLUNA DE HOJE CLICANDO AQUI EM MARCO EUSÉBIO IN BLOG
• • • • •
