Deurico Ramos/Capital News

Indicamento do PRF foi anunciado pela delegada responsável pelo caso, Daniella Kades
Polícia Civil de Campo Grande indiciou o policial rodoviário federal, Ricardo Hyun Su Moon, de 47 anos, pela morte do empresário Adriano Correia do Nascimentos, de 33 anos, no dia 31 de dezembro de 2016. A conclusão do inquérito foi anunciada em coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira (17), pela delegada responsável pelo caso, Daniella Kades.
Na coletiva realizada no auditório da Academia de Polícia Civil (Acadepol), no Parque dos Poderes, a delegada afirmou que além de ter sido indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, Ricardo (também conhecido como “Coreia”), responderá por dupla tentativa de homicídio, visto que duas pessoas que estavam com o empresário no dia do crime na caminhonete, também foram atingidas pelos tiros disparados pela arma do policial.
Com 531 páginas, o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul, que poderá ou não formalizar a denúncia contra o policial à Justiça. Ao todo, foram realizadas 20 oitivas, sendo ouvidas 15 testemunhas (entre pessoas que estavam na mesma festa que as vítimas, pessoas que estavam no local da possível discussão e de onde o carro da vítima bateu em um poste de energia após os disparos, além de policiais rodoviários federais e militares).
Com o indiciamento, o PRF permanecerá preso e aguardando a decisão do MPE. Apesar disso, ainda não é possível afirmar o que motivou a discussão e, posteriormente, os tiros que atingiram o veículo da vítima. Para isso, ainda são aguardados laudos da reconstituição, realizada na última quarta-feira (11), da perícia realizada na caminhonete, gravações e da necropsia.
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Ligações
Ainda de acordo com a delegada, gravações de três ligações telefônicas realizadas para o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) no dia do crime, foram usadas na investigação. A primeira delas foi registrada às 5h50 do dia 31 de dezembro. Já a segunda, às 5h54, e a última às 6h01m quando a caminhonete do empresário já havia colidido com o poste.
Pelas ligações, de acordo com a delegada Daniella Kades, é possível ouvir Ricardo se identificando algumas vezes como policial durante uma abordagem sem discussões ou indícios de agressões.
Gravações revelam “uma abordagem por parte do indiciado e que durante essa abordagem ele liga para o 190 solicitando que a polícia militar de trânsito compareça a cena dos fatos, uma vez que o veículo dele quase teria sido colidido por outro automóvel, e que as suspeitas por parte desse policial rodoviário federal que o condutor da camionete estaria embriagado. Dessa maneira ele solicita a presença da polícia militar de trânsito bem como do teste de alcoolemia”, afirmou Daniella Kades, delegada responsável pelo caso.
Ainda segundo ela, a gravação demonstra claramente que não houve nenhuma discussão de trânsito e sim uma abordagem. “Ele pede várias vezes para que os ocupantes da caminhonete não desçam e não se aproximem” revelou a delegada.
Caso
Assassinato aconteceu na madrugada do dia 31 de dezembro após Adriano e dois amigos saírem de uma balada na Capital. Tudo indica que uma briga de trânsito teria motivado a ação do policial.
Adriano foi atingido por dois tiros, mas ainda conseguiu dirigir por uma quadra até perder a direção do veículo e bater em um poste de iluminação.
Alexander Estigarridia de Leite, amigo do empresário que estava presente no local, “a discussão começou na esquina da boate localizada no bairro Amambai, por que o Adriano ao sair com o carro dele arranhou o carro do policial, mas ele havia dito que pagaria o conserto”.
Reconstituição
Trechos da Avenida Ernesto Geisel ficaram interditados por aproximadamente 3h30 para trabalho dos peritos. A encenação do assassinato começou por volta das 5h20 e contou com a presença das vítimas que estavam no carro com o empresário no dia do crime. Ricardo Moon também colaborou com a polícia durante a ação, representando seus movimentos na ocasião.
Prisão
Ricardo Hyun Su Moon, de 47 anos, foi preso em flagrante no momento do assassinato e solto um dia depois de ter matado o empresário. Na ocasião, o juiz José de Andrade Neto afirmou que por não apresentar antecedentes criminais, não havia indícios de que Ricardo fosse atrapalhar nas investigações e libertou o policial. Três dias depois, o Juiz voltou atrás e decretou a prisão preventiva do autor após pedido do Ministério Público Estadual (MPE) de Mato Grosso do Sul.