Audiência pública na Câmara aponta falhas na segurança de estádios brasileiros

Os estádios brasileiros de futebol não cumprem as exigências de segurança e infra-estrutura da Federação Internacional de Futebol (Fifa), segundo pesquisas apresentadas hoje (13) por especialistas durante audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo Carlos de La Corte, mestre em arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP), os estádios brasileiros atendem, em média, a apenas 50% das normas da legislação internacional que regulamenta estádios de futebol.

Pelas normas, são avaliados pontos como capacidade de lotação, conforto, segurança e localização do estádio. Para de La Corte, que realizou um estudo detalhado em quatro grandes estádios brasileiros, os problemas começam com a falta de uma legislação específica para determinar as normas técnicas dos estádios no Brasil.

"É outra questão que foi abordada pela pesquisa: a falta de legislação fiscalizadora no Brasil. Esse tipo de edificação [estádio] é muito específico e demanda uma especialidade de engenharia e arquitetura, além de gestão da segurança do espetáculo", ressaltou o especialista.

Já o presidente do Sindicato Nacional dos Arquitetos e Engenheiros (Sinaenco), José Roberto Bernasconi, lembrou que infra-estrutura tem "prazo de validade" e precisa de manutenção. "Infra-estrutura pode ter seu prazo de validade renovado com a manutenção adequada. Basta renovar", disse ele.

O Sinaenco elaborou um estudo com base em análises visuais dos principais estádios de futebol do país. De acordo com os resultados, cerca de 80% precisam de reparos estruturais, além de melhorias nas condições de higiene e conforto das torcidas.

O deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), suplente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, destacou que, como responsável pela segurança dos estádios, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deve tomar providências para solucionar os problemas de infra-estrutura nesses locais.

Segundo Torres, é preciso exigir que as entidades desportivas responsáveis pelos estádios, no caso a CBF, tomem providências. Atualmente, esse tipo de problema é simplesmente ignorado, "como se fosse um problema local", disse o deputado, referindo-se ao Estádio Fonte Nova, em Salvador. No dia 25 de novembro deste ano, parte da arquibancada do estádio cedeu. Em conseqüência do acidente, sete pessoas morreram e 40 ficaram feridas.
A audiência pública para discutir as condições de segurança do estádios de futebol foi requisitada pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados depois do desabamento das arquibancadas do estádio.