O consórcio liderado pela K-Infra e Galápagos Capital, vencedor do leilão da chamada Rota da Celulose, enfrenta questionamentos sobre sua capacidade técnica para assumir a concessão de 870,3 quilômetros de rodovias em Mato Grosso do Sul. A disputa é conduzida pelo Escritório de Parcerias Estratégicas (EPE) do Governo do Estado, que analisa recurso apresentado pelo segundo colocado, o consórcio liderado pela XP Investimentos.
A XP alega que a K-Infra não reúne condições técnicas para gerir a concessão, citando sua atuação na Rodovia do Aço (BR-393), no Rio de Janeiro, onde a União decretou a caducidade do contrato de concessão por descumprimento de obrigações contratuais. O recurso também aponta que a empresa acumula 45 processos administrativos por infrações entre 2014 e 2018, além de multas não quitadas.
Em nota, a K-Infra afirmou considerar a penalidade aplicada pela União "indevida" e informou que recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a decisão. A empresa também diz ter apresentado ao Ministério dos Transportes um plano de modernização da BR-393, avaliado em R$ 1,6 bilhão, que, segundo ela, não teria sido analisado adequadamente pelo governo federal.
A proposta da K-Infra e Galápagos foi a melhor entre os quatro consórcios participantes, com 9% de desconto sobre a tarifa máxima e pagamento de outorga de R$ 217,4 milhões. A documentação já havia sido analisada previamente por técnicos do EPE e da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, que conduziu o certame.
A concessão em disputa abrange importantes trechos das rodovias BR-262, BR-267, MS-040, MS-338 e MS-395, que compõem o corredor logístico conhecido como Rota da Celulose. O contrato prevê investimentos de cerca de R$ 10,1 bilhões ao longo de 30 anos, com foco em duplicação, ampliação e melhorias na infraestrutura viária — especialmente nos primeiros oito anos.