O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros como café, frutas e carnes exportados para os Estados Unidos, decretado por Donald Trump, entrou em vigor hoje. A medida afeta 35,9% das mercadorias enviadas pelo Brasil aos EUA, o que significa 4% das exportações brasileiras. Cerca de 700 produtos ficaram fora da taxa, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves civis incluindo peças e componentes, polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos.
A guerra tarifária deflagrada na nova gestão Trump visa intimidar parceiros comerciais na tentativa de reverter à relativa perda de competitividade da economia americana para a China nas últimas décadas. Por motivos políticos, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo por tentativa de golpe de Estado, a tarifa imposta por Trump ao Brasil foi uma das mais altas.
Especialistas consultados pela Agência Brasil avaliam que a medida é uma chantagem política com objetivo de atingir o Brics, o bloco de potências emergentes que inclui a Rússia, China e a Índia, tem sido encarado por Washington como uma ameaça à hegemonia estadunidense no mundo, em especial, devido à proposta de substituir o dólar nas trocas comerciais.
Em pronunciamento no último domingo, o presidente Lula ressaltou que não quer desafiar os Estados Unidos, mas que o Brasil não pode ser tratado como uma “republiqueta”. O presidente disse ainda que pais não abre mão de usar moedas alternativas ao dólar. O governo brasileiro informou ainda que o plano de contingência para auxiliar as empresas afetadas pelo tarifaço será implementado nos próximos dias, com linhas de crédito e possíveis contratos com o governo federal para substituir eventuais perdas nas exportações.
Negociações
Após a confirmação da imposição das tarifas na semana passada, a Secretaria de Tesouro dos Estados Unidos entrou em contato com o Ministério da Fazenda para iniciar as negociações sobre as tarifas, ao mesmo tempo que Trump anunciou estar disposto a conversar, pessoalmente, com o presidente Lula.
Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as terras raras e minerais críticos podem ser objeto de negociação entre Brasil e Estados Unidos. Esses minérios são essenciais para a indústria de tecnologia, e é um dos principais motivos de disputa entre Pequim e Washington.
“Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, disse Haddad em entrevista a uma rede de televisão.
Ainda segundo o ministro da Fazenda, o setor cafeeiro acredita que pode ser beneficiado por um acordo com os EUA para excluir o produto da lista de mercadorias tarifadas. No mesmo dia que Trump assinou o tarifaço, a China habilitou 183 empresas brasileiras para exportar café para o país asiático. (Com Agência Brasil)
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