Colegas:
O dia 16 de novembro não passou. Ele perdurará por três anos.
A liturgia política do regime democrático educa com os resultados dos sufrágios.
Saber ganhar pressupõe dominar a arte de saber perder. Aquele que vence, mas tripudia sobre o adversário com o fim de humilhá-lo tem a mesma estatura moral que aquele que, não aceitando a derrota, acusa injustamente o oponente de fatos que não cometeu só para justificar o insucesso nas urnas.
Dediquei-me todos os dias, de corpo e alma, em prol da advocacia nestes três anos. Não me dei o direito de ter qualquer receio de combater interesses de pessoas e instituições que prejudicassem os ideais da OAB, talvez por isso tenha tido a honra de ter enfrentado, com mais êxitos do que insucessos, tantas “autoridades” contrariadas com as posições institucionais de uma OAB independente e destemida.
Ao final, o que se viu foi a luta de todo o establishment contra alguns quixotescos advogados. O preço da disposição intransigente de ser correto e agir com absoluta independência foi alto demais, apesar de que dívidas como estas não implicam em inadimplência moral, esta sim trágica e irreversível.
Lutei tentando cumprir fielmente todos os propósitos da OAB. Chego ao final da gestão sem mágoas ou ressentimentos, porque perder uma eleição só é trágico quando com ela se perde também a vergonha na cara. E a OAB está de pé, forte e respeitada com a gestão aprovada por 87,5% dos advogados, não obstante ter sido duramente atacada por mais de um ano em campanha sistemática da oposição.
Os embates pessoais que ocorreram durante a campanha não devem ser esquecidos como se não tivessem existido, mas nem por isso devem ser cultivados como alimento para o desejo de vingança. Eles existiram e àqueles que não estão preparados para conviver com eles de forma saudável, recomenda-se afastar-se das refregas se não quiserem sucumbir antes do tempo, afinal o ódio é veneno mortífero para o corpo e o espírito.
Adormecido o sonho liderado por Ary Raghiant, nasce a esperança em torno de Leonardo Duarte. De minha parte, reafirmo o que disse logo após o anúncio do resultado final das eleições: ao contrário de alguns aliados seus que desejaram e trabalharam pelo fracasso da minha gestão, vibrarei com as suas vitórias administrativas e, se solicitado, não me furtarei a auxiliá-lo visando o melhor para a OAB e a advocacia.
Findo o pleito eleitoral, na contagem regressiva do meu mandato, adianto que até a meia-noite do dia 31 de dezembro de 2009 continuarei firme na defesa dos direitos dos advogados, presidindo plenamente a OAB com toda a força do meu espírito.
Depois, em 2010, volto ao recanto sagrado do meu lar onde renovarei minhas energias para novos desafios, ouvindo o melodioso canto que só abraço dos filhos, o carinho da mulher amada e a convivência fraterna com os poucos amigos fiéis são capazes de entoar.
AVANTE!