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Cultura e Entretenimento Segunda-feira, 01 de Setembro de 2008, 11:10 - A | A

Segunda-feira, 01 de Setembro de 2008, 11h:10 - A | A

Filme sobre indígenas de MS é aplaudido em Veneza

Lucia Morel - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Filme gravado em Mato Grosso do Sul é um dos grandes favoritos a ganhar o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza. "BirdWatchers - a terra dos homens vermelhos” trata de maneira sóbria o drama atual dos índios brasileiros, dando conta da complexidade do assunto. O filme foi co-produzido pela Gullane Filmes e a direção é do diretor chileno,, radicado na Itália, Marco Bechis.

A história conta de um cacique de uma aldeia guarani-caiowá que decide deixar a reserva demarcada pelo governo para ocupar a terra que pertencia a seu povo, hoje uma fazenda de soja. As florestas estão cada vez menores, a caça e a pesca diminuíram, os jovens estão se suicidando, divididos entre a tradição de sua cultura e as influências dos brancos.

Em tônica, o filme narra o embate violento entre os fazendeiros e os índios que reclamam suas terras. Os primeiros possuem campos de cultivo de plantas transgênicas e passam as noites na companhia dos turistas que vão à região para observar os pássaros. Enquanto isso, nos limites de suas propriedades os índios vivem todos os problemas de uma integração aparentemente impossível. Problemas estes que levam muitos dos jovens ao suicídio.

Durante coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje, em Veneza, para a apresentação do filme, todos caíram em lágrimas e a sala Perla, onde estava acontecendo o evento, ficou lotada durante toda a exibição.

A atração foram os cinco índios protagonistas do filme - que, aliás, fazem um grande trabalho. Eliane Juca da Silva foi responsável pelo melhor momento entre todas as entrevistas coletivas do festival até o momento. Ela falou de forma contundente e emocionada sobre a situação do índio brasileiro - e sensibilizou a todos.

"Eu me sinto muito triste porque nossas lideranças morrem, morrem muitas crianças desnutridas, não tem mais rio. A gente quer oportunidade para nossos jovens, que são iguais a vocês. Somos humanos. A gente tem pensamento, cultura, raça e língua, a gente quer oportunidade para crescer na vida", disse. "A gente não tem mais espaço para rezar, a gente mora num lugar muito pequeno, os fazendeiros pensam que a gente é invasor, e a gente não é. A gente só quer um pedacinho de terra para plantar." Ela conclamou a todos a prestar atenção no longa e no que ele diz. "O que acontece no filme não é mentira. É realidade. Isso que está acontecendo no Brasil. Quero que vocês acreditem que a gente está falando a verdade, a gente não está mentindo."

Ator do filme, o cacique Ambrósio Vilhalva, inspirador da obra, clamou por justiça. "O índio não tem direito a nada. Tem justiça para os grandes empresários, para ele tem juiz, deputado, senador. Para os índios, pobres e negros, não. Espero que o filme faça com que vocês ergam a cabeça e que olhem grande para o país."

Já o diretor Bechis, ao final da aplaudida projeção para imprensa de hoje, comentou: "não houve a necessidade de inventar coisas, bastou eu encontrar Ambrosio Vilhalva e falar de sua história. Sou cético que alguma coisa possa realmente mudar no Brasil para os índios. A potência econômica da agricultura é muito forte. Bastaria dar somente 20% das florestas aos índios para mudar as coisas. Mas não acredito que isso irá ocorrer jamais”. (Com informações de sites nacionais)

BASTIDORES DO FILME BirdWatchers - a terra dos homens vermelhos



TRAILER DO FILME BirdWatchers - a terra dos homens vermelhos

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