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ENTREVISTA Terça-feira, 12 de Agosto de 2014, 13:11 - A | A

Terça-feira, 12 de Agosto de 2014, 13h:11 - A | A

Economista analisa impactos das eleições na economia de Mato Grosso do Sul

Fernando Hassessian - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Todo grande evento impulsiona a economia, e durante as eleições, que não deixam de ser grandes eventos, como uma Copa do Mundo, um encontro nacional ou Olimpíadas, não só o local que recebe o evento tem a economia turbinada, mas todo o entorno se beneficia. Na semana do economista e em clima eleitoral o Capital News entrevistou o mestre em Economia pela Unicamp, Thales de Souza Campos, vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon/MS) para saber qual o impacto das eleições na economia sul-mato-grossense, o que envolve e quais setores são os mais aquecidos neste período.

Segundo o economista, ainda é preciso ter um plano estratégico de desenvolvimento para que se possa ter regras mais claras e controle sobre a circulação de serviços e mercadorias durante estes eventos. Confira a entrevista: 

Capital News: O que as eleições representam para a economia de Mato Grosso do Sul?

Thales Campos: As eleições geram uma cadeia muito extensa. É um ciclo que começa lá nos financiadores legais, que realizam as doações aos candidatos. Os candidatos contratam os serviços de empresas. Estas empresas vão contratar mão-de-obra, e ainda vão sublocar e terceirizar outros serviços, até chegar ao trabalhador final. Em todas as etapas, os recursos vão circular, impostos serão arrecadados e haverá maior demanda por insumos. Quando se contrata uma gráfica, por exemplo, se compra o papel, que vem da celulose, mas tem o serviço de distribuição, o combustível, a locação do carro, entre outros.

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Foto: Deurico/Capital News

Capital News: Quais os setores mais acionados?

Thales Campos: Como eu disse, o setor gráfico é o primeiro. Ainda temos aquela forma artesanal de se fazer política, que é o santinho. Antigamente se colava cartazes no muro e ficava lá, ninguém tirava, mas agora não pode mais. Depois, todos aqueles que envolvem a logística. Podemos pontuar o transporte, a segurança e a alimentação. Outro é o serviço de design gráfico. Tem profissionais que não estão conseguindo atender outros serviços devido à demanda da política. 

Capital News: E quais setores são prejudicados pelas eleições?

Thales Campos: Principalmente aqueles que dependem da atuação legislativa, que aguardam a aprovação de leis, pois os deputados e vereadores trabalham em ritmo reduzido. Depois vem a questão dos concursos, que tanto afeta quem deseja prestar concursos quanto os serviços públicos que não podem contratar. Algumas empresas que precisam aguardar o fim das eleições para tomarem decisões também são prejudicadas. 

Capital News: A desconfiança ou insegurança diante de algum candidato pode gerar instabilidade no cenário econômico?

Thales Campos: Não há um risco coletivo, mas pode prejudicar projetos individuais. Pode enfraquecer uma empresa, por exemplo. Mas na coletividade não há um risco muito claro. 

Capital News: E o contrário, um governante bem avaliado pode impulsionar a economia?

Thales Campos: Muito! Com toda certeza. Um governo bem avaliado vai trazer muito mais investimentos. Várias empresas aguardam bons momentos para investir, e locais que atravessam bons momentos politicamente são boas opções de investimento. 

Capital News: É possível estimar o valor que pode ser injetado na economia local durante o período eleitoral?

Thales Campos: Existe o valor formal e o informal. O formal é aquele declarado pelo candidato. Mas há o informal, gerado pelos voluntários e simpatizantes. Este valor soma tanto o valor do serviço doado, como o consumo durante o trabalho, daquele que coloca combustível por contra própria em seu carro para fazer campanha, e muitas vezes isso acontece mesmo sem o candidato ficar sabendo. Este valor pode ser igual ou superior ao formal.

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Foto: Deurico/Capital News

Capital News: Em que um possível segundo turno, tanto em âmbito nacional quanto regional, pode influenciar nos valores injetados na economia local?

Thales Campos: Negativamente para quem espera o fim das eleições para tomar decisões, pois pode ser mais 30 dias parado, e isso é um tempo muito longo. Já o valor investido pelos candidatos muda pouco, porque normalmente já existe um planejamento a ser seguindo, para as duas ocasiões, seja na decisão em primeiro turno ou em segundo. 

Capital News: Qual eleição é mais importante para a economia? As municipais (vereador e prefeito) ou as estaduais e nacionais (Governador, deputados, senador e presidente)?

Thales Campos: Apesar do grande número de municípios, as nacionais e estaduais envolvem uma logística muito maior. São campanhas de grande porte, de alto investimento. As eleições municipais representam uma parcela pequena do que é investido este ano. Sem dúvidas as eleições mais amplas apresentam um movimento maior. 

Capital News: Como os empreendedores e trabalhadores podem aproveitar as oportunidades geradas pelas eleições?

Thales Campos: Eles devem se organizar, se preparar e se estruturar. A preparação começa bem antes do período eleitoral, as empresas devem chegar nesse período já preparadas. Quem vai trabalhar com candidatos deve oferecer um serviço de qualidade, deve ter os cuidados necessários, assinar contrato, e ter um atendimento profissional. E o mais importante de tudo é a qualidade do serviço. A qualidade é fundamental, e talvez o mais importante de toda a cadeia que eu citei. O serviço de qualidade impulsiona a economia, a contratação e o sucesso do negócio.

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Foto: Deurico/Capital News

Capital News: Qual setor poderia aproveitar melhor seu potencial?

Thales Campos: As associações de bairros não estão aproveitando seu potencial. Eles deveriam se organizar mais administrativamente e menos politicamente. Ter uma organização para que possam apresentar propostas aos candidatos, e seja qual for o eleito, poder cobrar melhorias para toda a coletividade. 

Capital News: Qual a importância dos empregos temporários neste período?

Thales Campos: Ainda não temos como calcular a quantidade de empregos gerados. Mas acabamos de sair do Dia dos Pais. Logo depois das Eleições, 05 de outubro, vem o Dia das Crianças, no dia 12, então deve ter uma boa geração de empregos. É importante que os funcionários temporários, antes de mais nada, priorizem o pagamento de dívidas com o que receber nas eleições. Mesmo que não sobre nada para ele, ter crédito é mais importante do que ter dinheiro.

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