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Saúde Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2008, 18:51 - A | A

Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2008, 18h:51 - A | A

Febre amarela: população não deve temer macacos

Notícias MS

Presentes em quase toda a extensão do território brasileiro, os primatas, popularmente chamados de macacos, são mamíferos silvestres que habitam as matas e se alimentam preferencialmente de frutos e insetos, tendo fundamental importância na manutenção da biodiversidade e nos estudos científicos, principalmente na prevenção de doenças para os seres humanos.

A onda de boatos referente a uma suposta epidemia de febre amarela não é motivo para a população temer a presença de primatas durante as viagens para áreas silvestres (matas, cerrado, pantanal, etc).

Nessas áreas, os principais transmissores do vírus da febre amarela são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que picam preferencialmente os primatas. Esses mosquitos vivem nas vegetações à beira dos rios e picam o homem quando ele adentra a mata. Caso o humano não esteja vacinado e o mosquito esteja com o vírus, se picado pelo inseto, o ser humano contrairá a doença.

A única relação dos macacos com o vírus da febre amarela é que ele é tão vítima quanto o ser humano, ou seja, apenas hospedeiro. Quem transmite o vírus são os mosquitos e o ciclo do vírus é mantido por meio da infecção de macacos e da reprodução do próprio mosquito.

Epidemia inexistente

O diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Eugênio Barros, afirma que não existem casos de febre amarela urbana no Brasil desde a década de 1940. Para prevenir a doença, quem se dirige para áreas de risco (áreas silvestres e rurais), deve tomar a vacina com pelo menos 10 dias de antecedência. “A imunização vale por 10 anos e não deve ser tomada em duplicidade, ou seja, a pessoa não deve repetir a dose antes desse intervalo, sob risco de ter fortes reações”.

Mesmo com a recente urbanização da febre amarela na capital paraguaia (oito casos registrados), Eugênio destaca que não há risco de epidemia em solo brasileiro, pois desde 1940 as autoridades brasileiras têm monitorado devidamente a situação. Segundo ele, o Ministério da Saúde enviou 800 mil doses de vacina para o país vizinho, além da Organização Mundial de Saúde (OMS) e outros países que também prestaram apoio e solidariedade aos vizinhos paraguaios.

Importância

Os macacos são importantes dispersores de sementes, principalmente com relação à regeneração de florestas, uma vez que podem carregar sementes da floresta para áreas degradadas. Na cadeia ecológica, eles são predados por mamíferos carnívoros (como onças, lobinhos, etc.), serpentes e aves de rapina.

Em Mato Grosso do Sul, o bugio, o macaco-prego e o sagüi são as espécies de primatas mais encontradas. Esses animais são comumente vistos na zona rural e próximos a empreendimentos de ecoturismo. Não há risco de extinção desses primatas, mas devemos tratá-los com muito zelo e atenção, como todos os componentes da fauna e flora nativas.

Por serem carismáticos, atraentes e possuírem grande apelo junto ao público, especialmente por suas características sociais e sua forte semelhança comportamental com a espécie humana, são uma genuína atração ao ecoturismo.

Para o Superintendente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (Semac), Roberto Gonçalves, “O fato de existirem espécies de macacos comuns e relativamente abundantes em Mato Grosso do Sul, a ponto de serem vistas com freqüência nas proximidades de moradias rurais, não deve constituir fator de maior preocupação quanto à febre amarela. Os macacos, além de serem vítimas, são muito mais vulneráveis do que nós humanos, pois nós podemos nos vacinar e os macacos, por serem animais silvestres de vida livre, não podem ser imunizados”.

Cuidados

O superintendente de Ciência e Tecnologia da Semac, José Sabino, ressalta que esses animais não oferecem perigo, mas não são espécies de estimação. “Por princípio, todo animal silvestre deve ser tratado como tal, à distância. Por mais belos que sejam, nunca devemos tocá-los ou tratá-los como animais domésticos. Não precisa ter medo, basta que as pessoas mantenham distância para evitar eventuais mordidas. Do contrário, é diversão garantida”, esclarece Sabino.

Monitoramento em MS

Uma equipe da SES formada por entomologistas, médicos veterinários e biólogos rotineiramente realiza viagens ao interior do Estado, coletando amostras de insetos e de primatas para análise e controle das epizootias (doenças, contagiosas ou não, que atacam numerosos animais no mesmo período de tempo e mesmo espaço). “As autoridade em saúde municipais que constatarem mortes simultâneas de animais silvestres podem solicitar à SES apoio técnico, pessoal e recursos”, esclarece Barros.

Maus tratos

O artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais é claro ao determinar que praticar abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos levam à pena de três meses a um ano de detenção, além de multa.

A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorrer a morte do animal. A Polícia Militar Ambiental (PMA), órgão responsável pela fiscalização ambiental no Estado, disponibiliza o telefone (67) 3314 4920 para atender denúncias da população referentes a crimes ambientais.





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