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Saúde Quarta-feira, 23 de Janeiro de 2008, 16:11 - A | A

Quarta-feira, 23 de Janeiro de 2008, 16h:11 - A | A

Carnaval não aumenta incidência de gravidez e DST, diz estudo

Folha Online

Ao contrário do que se imagina, o Carnaval não está associado a um aumento no número de casos de doenças sexualmente transmissíveis ou dos índices de gravidez. Pelo menos é isso que mostra um estudo da UFF (Universidade Federal Fluminense) divulgado nesta quarta-feira (23).

"Todo mundo acha que o Carnaval é a liberação geral, mas as pessoas estão se contaminando a todo momento, durante todo o ano, não há uma relação específica com a festa", afirma a ginecologista Wilma Nancy Campos Arze, uma das autoras do estudo.

Os pesquisadores analisaram 11.092 prontuários de pacientes atendidos no setor de doenças sexualmente transmissíveis da UFF entre os anos de 1993 a 2005. Selecionaram, então, 2.646 prontuários de pessoas que haviam sido atendidas pela primeira vez no local e tinham os sintomas de sífilis, gonorréia ou tricomoníase.

A escolha desses males ocorreu pelo fato de serem doenças que têm um período de incubação --tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas-- bastante definido e não muito longo.

Ou seja, de acordo com os pesquisadores, caso o Carnaval estivesse relacionado ao aumento da incidência dessas doenças, o número de casos deveria ser maior em períodos imediatamente posteriores à festa: fevereiro, março e abril, já que em 11 dos 13 anos analisados a festa aconteceu no segundo mês do ano. Não foi o que ocorreu.

Segundo o estudo, os picos de ocorrência de gonorréia e sífilis ocorriam entre julho e agosto. Em relação à tricomoníase, essa concentração ocorria entre junho e julho.

O estudo não identifica os motivos que fazem a incidência dessas doenças crescer nessa época do ano.

Gravidez

Os pesquisadores também analisaram, com base nos dados do SUS (Sistema Único de Saúde), o número de partos ocorridos na região metropolitana do Rio de Janeiro e no Brasil, de 1992 a 2005 e, em Niterói, de 1995 a 2006.

Chegaram à mesma conclusão: o Carnaval não influencia o número de nascimentos ocorridos no país. Isso porque o pico no número de partos ocorre em maio --considerando uma gestação de nove meses, a maioria dos bebês teria sido gerada em relações sexuais ocorridas em agosto do ano anterior.

Em relação ao número de abortos, a maioria ocorre em novembro no Brasil e no Rio de Janeiro. Em Niterói, há uma maior concentração em setembro.

Segundo os pesquisadores, o estudo mostra que as campanhas de incentivo ao uso de preservativos e práticas de sexo seguro feitas pelo Ministério da Saúde são ineficazes, por serem realizadas pouco antes da festa.

"O estudo conclui ainda que essas campanhas, para darem bons resultados, devem ser contínuas durante o ano. Do contrário, podem ter como conseqüência, a suposição de que a prevenção é importante nessa época apenas, deixando, assim, a população mais vulnerável às DST em geral, já que as campanhas não se repetem em outras épocas do ano", afirmam os médicos, em nota.

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