Campo Grande Domingo, 05 de Maio de 2024


Rural Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009, 13:00 - A | A

Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009, 13h:00 - A | A

Possível infestação de mosca do estábulo ameaça rebanhos bovinos na região sul do Estado

Marcelo Eduardo - Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

Na sessão desta quarta-feira, 11 de novembro, na Assembleia Legislativa, o vice-presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária da Casa, Marcio Fernandes (PTdoB), disse que vai encaminhar solicitação de providências ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) iniciativas para combater a proliferação da mosca do estábulo, causadora de doenças em animais e pessoas.

O parlamentar esteve antes em reunião sobre o tema na Embrapa Gado de Corte. Os técnicos apontaram prejuízos causados pelo inseto nos rebanhos de gado sul-mato-grossense. A área mais sofrida é o sul do Estado.

A mosca suga o sangue dos animais (e pessoas). Ela se prolifera nas regiões onde existam usinas de álcool, pois vive dos restos de cana-de-açúcar, como vinhoto e bagaço.

O ciclo de vida do inseto é de quatro dias e o raio de ação é de até 18 quilômetros do local de reprodução.

Não existe tratamento para a doença por ela causada e não existe inseticida capaz de matá-la em local algum do planeta, segundo os técnicos da Embrapa. O que deveria ser feito, segundo eles, informou Marcio Fernandes, era que as usinas diminuíssem a quantidade de vinhoto e bagaço despejados no ambiente.

Clique na imagem para acessar a galeria (03 fotos)

Marcio Fernandes falou que usinas devem despejar menos restos da cana
Foto: Deurico/Capital News

“Não há tratamento. Não há inseticida. Temos que pedir que as usinas fazem descarte de vinhoto não de uma só vez, mas aos poucos, para evitar acúmulo excessivo de restos.

O deputado Ary Rigo (PSDB) fez aparte ao discurso de Marcio Fernandes e comentou que uma de suas propriedades também sofre com o problema.

Ele tem fazenda em Dourados (cidade distante 228 quilômetros da Capital). A propriedade rural fica próxima à usina de Ponta Porã (município que faz divisa com Dourados).

Rigo informou que 1,5 mil cabeças de gado sofrem com a doença ocasionada pela mosca. Os sintomas, seriam perda de peso, machucados nas extremidades do corpo e lesões no ventre.

Clique na imagem para acessar a galeria (03 fotos)

Ary Rigo disse que sofre com problemas em sua fazenda por conta da mosca
Foto: Deurico/Capital News

“Meus animais estão perdendo meio quilo por dia. Ou seja, são 1,5 mil animais, dá 800 quilos por dia. Quem vai me pagar este prejuízo? Além disso, o mais grave são meus funcionários, que estão com as mãos em carne viva. Os animais também sofrem, estão com as patas e orelhas pingando sangue”, relatou.

O parlamentar informou que vai entrar na Justiça nos próximos dias para tentar reaver os prejuízos, ele quer que a usina arque com as despesas.

O inseto

Conforme a Wikipedia, a mosca do estábulo (somoxys calcitrans), também conhecida como mosca do bagaço, é um inseto da família dos muscídeos, de notável semelhança com a mosca doméstica, embora dela se diferencie pela tromba alongada do aparelho bucal, uma vez que a utiliza para sugar o sangue de animais transmitindo doenças.

Também é chamada de bernanha, beruanha, bironha, biruanha, buruanha, meruanha, mosca-do-gado, mosca-dos-estábulos, murianha, murinhanha e muruanha.

De acordo com a AGPNP (Associação Goiana dos Produtores de Novilho Precoce), “a consideração principal no controle de moscas de estábulo é a higiene, a qual pode ser responsável por até 90% do controle. Áreas ao longo de fileiras de cercas, sob montes de alimentos, ou onde quer que o estrume ou matéria em decomposição possam se acumular, devem ser mantidos limpos, já que proporcionam o meio para o desenvolvimento de moscas.

Se procedimentos de boa higiene forem praticados, então o controle químico, provavelmente será necessário; por outro lado, sem higiene, as medidas de controle químico provavelmente serão improdutivas.

Para identificar os focos de criação, torna-se necessário remexer com rastelo, o esterco acumulado nas quinas das paredes, ao redor dos pilares e vigas, sob os bebedouros e cochos observando se há a presença de larvas de moscas.

Prejuízos sanitários

As moscas podem disseminar uma série de agentes que causam doenças ao gado bovino, tais como bactéria das mastites e da brucelose, ovos de alguns vermes intestinais e o vírus da febre aftosa, apenas para citar alguns problemas. Aliás, mastites e a brucelose também são disseminadas pelas moscas entre os equinos, sem comentarmos o problema das miíases.“

Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS