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Opinião Domingo, 14 de Abril de 2024, 07:00 - A | A

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Opinião

Todos devem carregar o próprio fardo

Por Wilson Aquino*

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A caridade é um dever inegável que todos devemos abraçar. Em tempos de adversidade, é crucial estender a mão aos necessitados ao nosso redor, seja para oferecer apoio material, moral ou espiritual, e ajudá-los em sua jornada. Contudo, é imprescindível estabelecer limites, pois assumir completamente e de forma permanente o fardo alheio não é sustentável. Da mesma forma, aqueles que recebem ajuda não devem se acomodar, mas sim trabalhar para superar suas dificuldades e conquistar sua independência.

Cada ato de caridade direcionado a indivíduos ou famílias deve ser encarado como temporário, oferecendo um suporte até que aqueles beneficiados consigam construir seus próprios meios de sustento. Exceções a essa regra são raras e, quando necessárias, o apoio do Estado se torna indispensável.

Como seres humanos, enfrentamos uma variedade de desafios ao longo da vida. É uma jornada repleta de obstáculos para todos, independentemente de sua condição financeira, religiosa ou geográfica. No entanto, cada um de nós é dotado de habilidades físicas, mentais, intelectuais e espirituais para enfrentar essas provações e desenvolver nossos dons e talentos individuais. Cada um recebe uma ou mais habilidades profissionais para superar os desafios e emergir como vitorioso no fim da jornada.

Apesar de nossos talentos, é inevitável que, em algum momento da vida, todos precisamos de auxílio. É nosso dever, como Cristãos e como seres humanos, ajudar uns aos outros, conforme estabelecido pelo próprio Cristo no segundo grande mandamento: "Amar o próximo como a ti mesmo".

No entanto, ao reconhecer a importância da assistência mútua, é fundamental enfatizar a necessidade de capacitar e responsabilizar aqueles que recebem ajuda. Somente através desse equilíbrio delicado podemos verdadeiramente promover a dignidade, a autonomia e o progresso sustentável para todos os membros de nossa comunidade.

É crucial destacar que a abordagem assistencialista do governo muitas vezes se desvia de seu propósito original e se torna uma ferramenta de manipulação política. Ao condicionar a assistência à lealdade partidária, os governantes perpetuam um ciclo de dependência que mina os princípios democráticos e a liberdade de escolha. Esse tipo de política não apenas compromete a integridade do processo eleitoral, mas também cria um ambiente propício para a corrupção e o abuso de poder.

Para construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva e democrática, é imperativo que rompamos com esse paradigma obsoleto e busquemos soluções que promovam a independência e a dignidade de todos os membros da comunidade. O investimento pesado em educação, com transparência, seriedade, determinação e bem longe das ideologias que hoje se pretende implantar, seria uma das grandes soluções para a comunidade alcançar sua formação profissional e conquistar a autossuficiência, financeira principalmente, para viver com dignidade.

Um exemplo inspirador é a abordagem da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que presta assistência não apenas aos seus membros, mas também às comunidades carentes e às vítimas de grandes catástrofes em todo o mundo. Em muitas situações de emergência, a ajuda humanitária da igreja chega primeiro, com centenas de voluntários levando suprimentos e apoio. No cotidiano, a igreja não nega ajuda aos membros que a procuram, mas também acompanha de perto, incentivando a busca por autonomia e oferecendo suporte na educação e formação profissional.

A Bíblia, em diversas passagens, ressalta a importância da responsabilidade individual e do trabalho árduo como meios de superação das dificuldades. Provérbios 13:4 nos lembra que "o preguiçoso deseja e nada tem; mas a alma dos diligentes engorda". Essa mensagem nos leva a refletir sobre a necessidade de agir com diligência e determinação diante das adversidades, em vez de nos acomodarmos à espera passiva por ajuda externa.

Portanto, enquanto é nosso dever ajudar o próximo em suas dificuldades, é igualmente vital incentivar a responsabilidade individual e a busca ativa por soluções. Somente assim podemos verdadeiramente honrar os ensinamentos de Deus e construir uma sociedade baseada na justiça, na solidariedade, no trabalho e no respeito mútuo.


*Wilson Aquino
Jornalista e Professor

 

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