Já se escreveu que Blade Runner 2049 talvez não tenha continuação por ter sido um fracasso de bilheteria, provavelmente por ter sido 'vendido' como filme de ação, quando é na verdade uma obra de reflexão sobre temas essenciais do mundo atual, como as incertezas do futuro e a presença de máquinas em nosso cotidiano. Nasceu cult.
Unesp
Oscar D'Ambrosio
O enredo se dá na Califórnia em 2049, num ambiente árido nas cenas mais abertas e claustrofóbico nas urbanas, dominado pela publicidade onipresente. É nesse universo que o personagem K caça replicantes foragidos da polícia e se relaciona emocionalmente com Joi, um holograma interpretado pela bela e carismática atriz cubana Ana de Armas.
Descobre assim que uma replicante teve um filho com o herói do filme anterior, vivido por Harrison Ford. Naturalmente isso é uma ameaça para a espécie humana, única, em tese, capaz de se autoreproduzir. No entanto, essa criança, cuja identidade é revelada ao final, tem uma missão muito específica: a de alimentar os sonhos e as esperanças do mundo.
A riqueza de interpretações sugerida pelo diretor Denis Villeneuve maravilha e assusta. O filme coloca em questão nossa própria visão de realidade e de futuro, pois nunca como antes a relação das máquinas com o cotidiano, com o trabalho e com as emoções esteve tanto em xeque. Terminamos o filme com a impressão que 2049 já chegou. É pouco?
*Oscar D'Ambrosio
Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, onde atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa.
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