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Cotidiano Sexta-feira, 11 de Setembro de 2009, 10:44 - A | A

Sexta-feira, 11 de Setembro de 2009, 10h:44 - A | A

MPE solicita sequestro de R$ 20 mi dos Uemuras

Marcelo Eduardo - Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

O MPE (Ministério Público Estadual) solicitou à Justiça o sequestro de R$ 20 milhões dos bens da família Uemura, investigada pela instituição durante a operação Owari da PF (Polícia Federal, que visava desmantelar suposta quadrilha que fraudava licitações no setor de Saúde em Dourados (cidade distante 228 quilômetros ao sul da Capital).

A informação foi repassada em entrevista coletiva realizada ontem, 10 de setembro, no MPE. As requisições resultam de análise das provas. O MPE já formalizou quatro ações – três pedem a indisponibilidade e seqüestro dos bens da família Uemura.

Na outra ação, o MPE já foi atendido. A instituição entrou com denúncia na esfera criminal sobre supostas irregularidades no hospital Santa Rosa. A juíza Dileta Terezinha Thomaz, da 1ª Vara Criminal de Dourados, acatou a denúncia.

O pedido de recolhimento dos bens ainda aguarda apreciação da juíza. A intenção, segundo o MPE, é garantir que exista ressarcimento aos cofres públicos após os supostos desvios de verbas, que seriam comandados pela família Uemura, dona de funerárias e hospitais. Oito municípios em Mato Grosso do Sul e Paraná teriam sido vítimas.

Hospital Santa Rosa


A denúncia aceita pela Justiça até agora contra os Uemura foi com relação ao hospital Santa Rosa, cujo prédio equipamentos foram arrendados pela Prefeitura de Dourados, ainda na gestão anterior, de Laerte Tetila (PT).

Os proprietários do hospital são os Uemuras. O contrato foi firmado em 2007. Dentre os problemas que estariam presentes no contrato, conforme a promotora Cláudia Almirão, estão justamente a locação do imóvel e aparelhagem, além dos medicamentos comprado pelo Município para serem disponibilizados naquele local.

Haveria superfaturamento, dispensa indevida e inexigibilidade de licitação, segundo MPE.

João Paulo Esteves, então secretário municipal de Saúde de Dourados, foi acusado pelo MPE. Ele chegou a ser preso quando da operação Owari, pela PF. Ele foi responsabilizado pelo MPE por ter sido o ordenador das despesas irregulares.

Além dele, André Tetila, filho do ex-prefeito Laerte, também é tido como suspeito. Ele agiria como lobista a favor dos Uemuras, segundo o MPE.
Os Uemuras teriam sido facilitados a terem seu hospital escolhido quando o Evangélico parou de atender pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Por mês, a Prefeitura desembolsa R$ 100 mil pelo aluguel do prédio e equipamentos.

Além do MPE, o MPF (Ministério Público Federal) também montou auditoria contra a Prefeitura para fiscalizar o contrato de empréstimos. O Departamento Nacional de Auditoria do SUS suspendeu o repasse.

Sizuo Uemura, Sizuo Uemura Junior, Eduardo Uemura, Lena Massako Tsumori Uemura e Anari Eiko Uemura, a secretária da família, Ana Cláudia Barzotto, Wilson Cezar Medeiros Alves (ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde), Evandro Silva Rosa (ex-superintendente superintendente de Compras da Secretaria de Saúde), o corretor de imóveis Rodrigo Medeiros e os servidores Sandro Petry Laureano Leme e Dorval Luís Martins Pagnoncelli estão na lista dos acusados pelo MPE.

Tetila

Durante o evento de lançamento da chapa de consenso do PT, em Campo Grande, na tarde de ontem, o ex-prefeito de Dourados Laerte Tetila esteve presente e falou sobre o caso envolvendo o Santa Rosa e seu filho.

Ele acredita que não existe irregularidades. Tive que criar dois hospitais em 50 dias”, disse. Ele cita o Santa Rosa, hoje Hospital da Mulher, e o Hospital de Urgência e Trauma.

“Tive esse tremendo problema na mão. E todo o mundo pressionou, a Justiça, a imprensa, todo o mundo. Tivemos cinco propostas para resolver o problema. Nenhuma se mostrou viável. A última era do Santa Rosa”, disse Tetila.

“Mas, não entendo essa cobrança agora. Todo o projeto foi aprovado pelo Tribunal de Contas [TCE – Tribunal de Contas do Estado]. E outra coisa, ninguém fala que a Prefeitura não paga. Dos R$ 100 mil, vêm R$ 72 mil do Ministério da Saúde e R$ 28 mil da Secretaria de Estado de Saúde. Então, se não é a Prefeitura que paga, por que deve ser ela a responder?”, disse o ex-prefeito.

Sobre o filho, Tetila afirma: “Ele não era um estranho na administração. Ele é concursado e pertence ao quadro da Saúde. Os telefonemas que fez, fez por ordem hierárquica do chefe [João Esteves, secretáriod e Saúde na época]. Não há provas contra ele. Ele ligou para um proprietário do Santa Rosa quando a única alternativa era o Santa Rosa. E não existe só o Uemura de proprietário do Santa Rosa”, finalizou.

Por: Marcelo Edurado – (www.capitalnews.com.br)

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