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Economia Sexta-feira, 25 de Agosto de 2017, 10:45 - A | A

Sexta-feira, 25 de Agosto de 2017, 10h:45 - A | A

Gestao de futuro

Crise torna perigosa para comerciante a compra por cartão de crédito

Estudo mostra que mais da metade das compras feitas em período de amostragem foram paga pagar depois

Danilo Galvão
Capital News

As compras parceladas no cartão, que por sinal aumentaram com a crise, chegando a representar 50,7% das vendas em período analisado pelo Banco Central tem representado um risco cada vez maior para o giro financeiro do lojista. O alerta foi lembrado pela revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios (PEGN), focada no micro e pequeno empresário brasileiro que passou muito apuro no passado com o cheque pré-datado, invenção tupiniquim que foi precursora do parcelamento por cartão.

Reprodução

Crise torna perigosa para comerciante a compra por cartão de crédito

Ancestral do cartão de crédito, o cheque pré-datado já era uma operação de risco ao comércio

"Essa operação é uma jabuticaba que nasceu para substituir outra jabuticaba. O parcelamento nasceu como opção ao cheque pré-datado", diz o diretor executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito (Abecs), Ricardo Vieira.
A PEGN lembra que do caixa de supermercado ao site da companhia aérea, a opção de dividir a compra supera os pagamentos feitos em uma única vez, ou 49,3% das transações. O parcelamento no cartão é uma operação de crédito oferecida pelo lojista e que é apenas gerida pela instituição financeira. O varejista recebe da operadora conforme o calendário de parcelas dado ao consumidor. Daí o perigo para o fluxo de caixa!

No entanto, se a tecnologia e comodidade de financiar dívidas é o que estimula o brasileiro a gastar mais com o cartão de crédito, no século passado um tipo especial de cheque ganhou força por outro motivo: era preciso o comerciante achar um jeito de vender fora do crédito tradicional. Em virtude da grande informalidade da economia do país - que ainda persiste com representação absurda no setor terciário mas com retração contínua – apareceu o cheque pré-datado, aquele dos dois riscos e depósito só na data combinada entre quem compra e quem vende. Era o ancestral do cartão de crédito, no jeitinho brasileiro.

Um exemplo, da dependência dessa alternativa hoje adotada no parcelamento por cartão está no número 636 da Rua Conselheiro Nébias, no centro de São Paulo. Especializada na revenda de táxis usados, a Rosane Automóveis sempre viu dificuldade em fechar negócio porque alguns taxistas não conseguem comprovar renda para o crédito tradicional. Para contornar a situação, a loja permite a aquisição de carro no mesmo sistema que alguém compra um fogão, ou uma passagem aérea.

"Começamos a oferecer essa opção há uns três anos. O objetivo é tentar facilitar a compra para quem não consegue, seja por falta de dinheiro para a entrada ou acesso ao financiamento. Analisamos caso a caso porque o custo da operação é nosso e o cliente precisa ter esse limite, mas é possível parcelar 100% do valor do carro no cartão ", diz o gerente da loja Wagner Santos.

Levantamento da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviço) relaciona uma média para a inadimplência nas transações por cheque e boleto de 20% a 30%, dependendo da época do ano, enquanto na venda por cartão de crédito esse risco é zero. O desafio recomendado pela entidade é o de controlar o fluxo de caixa futuro, para que a modalidade de venda não seja nociva ao negócio.

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