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Rural Segunda-feira, 03 de Agosto de 2015, 07:18 - A | A

Segunda-feira, 03 de Agosto de 2015, 07h:18 - A | A

Invasão de terras

Fazendeira vive o drama de ter a propriedade invadida há quase um ano

A área arrendada era uma das principais fontes de renda da família e foi invadida por um grupo de indígenas em setembro de 2014

Elizângela Lemes
Capital News

Divulgação/Famasul

fazendeira maria helena

Fazendeira Maria Helena convive há quase um ano com o drama da propriedade invadida por um grupo indígena

Proprietária de fazenda invadida por um grupo de indígenas da etnia Guarani Kaiowá conta sobre o drama que enfrenta há um ano. Segundo Maria Helena Vanzella no dia 24 de setembro de 2014, os indígenas invadiram a propriedade localizada em Coronel Sapucaia e despejaram a família. “Você dorme cheia de sonhos e acorda no meio de um pesadelo”, afirma.


Na área, a empresária cultivava grãos e tinha na propriedade arrendada a principal fonte de renda da família. Maria Helena conta que a propriedade recebeu muitos investimentos pouco tempo antes da invasão. Contabilizando o que perdeu com a ação dos indígenas e o que deixou de ganhar por não poder ter colhido nada durante esse período, o prejuízo ultrapassa a casa dos R$ 2 milhões, afirma a produtora. Impedida de cultivar, a família busca ajuda pra recuperar o prejuízo financeiro e abalo emocional.


A produtora que arrendava as terras das propriedades Guapey e Barra Bonita lamenta a situação. "Investimos na terra, que antes era pasto, para iniciarmos o cultivo de grãos. Gastamos com adubo, equipamentos, agricultura de precisão, caprichamos muito na pintura da casa e tudo foi por água abaixo", relembra a fazendeira.


Maria Helena destaca que há quase um ano ela tenta resolver o problema de sua propriedade junto à Justiça, mas até o momento nada foi resolvido. "Todas as portas se fecham para nós", lamenta. Segundo a produtora, logo após a invasão o juiz do município concedeu a reintegração de posse da propriedade, mas a mesma ficou vigente por seis meses sem ser cumprida pela Polícia Federal. Até ser suspensa pela Justiça.  "Hoje eu espero a Justiça de Deus, não a do homem”, diz.


A produtora também lamenta a situação dos indígenas invasores que, em sua avaliação, estão abandonados pela Funai - Fundação Nacional do Índio e pelas entidades que deveriam atender os seus interesses. "De nada adiantou invadir minhas terras. Lá, eles passam fome, passam necessidade. Ficam no frio, na chuva, à mercê da natureza. Eles pedem comida aos produtores vizinhos e, inclusive, para os que têm propriedade invadida".


No dia 14 de julho deste ano, durante a reunião com José Eduardo Cardozo, ocorrida em Brasília, a produtora rural fez um desabafo comovente sobre a condição de sua propriedade rural, localizada em Coronel Sapucaia. "Eu quero que o senhor veja a situação nossa, o que nós estamos passando. Lá é corredor de drogas, nós vemos índios alcoolizados 24 horas, nós vemos índios drogados 24 horas. O senhor sabe o que um drogado, um alcoolizado faz. Ele não pensa. É isso que eu quero que vocês tomem providência. A situação está feia. Eu sou uma mãe de família, trabalhei a vida inteira para criar os meus filhos", ressaltou a produtora.


Durante o encontro, que contou com a presença de lideranças políticas, rurais e do presidente da Famasul - Federação da Agricultura e Pecuária de MS, Maria Helena reclamou ao ministro os seus direitos de propriedade. "Eles têm o seu direito, mas nós também temos em uma terra que não é área indígena (...). Eu não aguento mais isso, pedir socorro e clamar em portas que nunca se abrem".


De acordo com os dados do Famasul, atualmente, Mato Grosso do Sul tem 91 propriedades rurais invadidas por indígenas. Recentemente, a situação se agravou no Estado, após a ação ocorrida em três propriedades rurais de Aquidauana. Especificamente em Coronel Sapucaia, são seis propriedades invadidas.

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