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Cultura Quarta-feira, 08 de Maio de 2019, 17:57 - A | A

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Por que a Colômbia diz ter o melhor café suave do mundo?

Por Vinícius Mendes

Da coluna Cultura
Artigo de responsabilidade do autor

Condições naturais e tradição de cultivo são algumas das respostas para a fama dos grãos colombianos

Divulgação

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A Colômbia diz que produz o melhor café suave do mundo. E, ainda que soe muito categórico, não há dúvidas de que há um grande consenso sobre a qualidade do grão colombiano. Mas por quê?

Parmenio Angarita, diretor do centro de formação Educafés, de Bogotá, capital do país, contou ao jornal El Espectador que o segredo está no processo de produção e nas condições naturais colombianas. "A altitude, a latitude e a temperatura são ideais para o cultivo. Além disso, tem o trabalho do cafeicultor e a colheita rigorosa dos grãos maduros".

A opinião é compartilhada por Edwin Chaverra, dono de um bar em Madrid, na Espanha, que vende café da Colômbia: "O processo de lavagem como método de produção, além da variedade dos grãos que o país possui, o credenciam a ter esse rótulo", disse.

O governo colombiano lançou recentemente um site para ajudar a contar a história da cafeicultura no país, pelo qual é conhecido mundo afora. Segundo ele, o café local é 100% arábico, isto é, as plantas são cultivadas em grandes altitudes, que às vezes passam dos dois mil metros do nível do mar, como na Serra Nevada, em Santa Marta, e nos pés da Cordilheira dos Andes.

Há ainda as fazendas situadas no chamado eixo cafeteiro, cuja proximidade com a linha equatorial permite a existência de microclimas com temperaturas que vão dos 18°C ao 24°C. Por isso, a Colômbia consegue produzir um café com características especiais de qualidade apreciadas por compradores de várias partes do planeta, como a Alemanha e a Espanha, na Europa, e o Japão, na Ásia.

Mas nem tudo se deve às características naturais da Colômbia: outro fator determinante para que o café do país tenha adquirido seu prestígio atual no mundo é o trabalho realizado pela Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, existente há sete décadas. "É um instituto com laboratórios, cientistas e investigadores que trabalham a parte biológica e agronômica do café e seu comércio mundial. Não existe nenhum organismo tão sólido em nenhum outro país produtor", revelou Angarita.

Ao contar com seu próprio instituto de investigação, a Colômbia ainda é pioneira nos processos de cultivo, sustentabilidade e rastreabilidade, um modelo que outros países já estão copiando", completou. Some-se a isso ainda o sucesso que o marketing e a publicidade colombianas conseguiram impor sobre a figura das marcas locais e sobre a qualidade do grão produzido nas montanhas, que aparecem de filmes de Hollywood até programas de turismo oficiais.

Há ainda um terceiro aspecto que conta para a fama do café colombiano: os produtores. Pela tradição que se construiu no país em torno do grão, os cultivadores tratam suas produções com um zelo próprio. "O que eu mais gosto no café colombiano é o cuidado, o amor e a dedicação dos cafeicultores", revelou Chaverra. "Você vai numa fazenda e vê que eles estão muito orgulhosos de suas plantas, de suas colheitas, que compartilham essa felicidade com qualquer visitante.

Tanto ele quando Angarita concordam que, há pouco tempo, a Colômbia também passou a oferecer seus melhores cafés para a população local, que passou anos privada dos grãos mais admirados no exterior. Com esse novo fenômeno do mercado interno, cresceram também as cafeterias especializadas nas grandes cidades do país. "Me surpreendi em ver como, de uns três anos para cá, cresceu muito o número de coffee shops: elas são uma boa maneira de promover o produto nacional", disse o diretor da Educafés. "A tendência é que isso também reforce a produção de cafés especiais e mantenha a Colômbia no topo do mundo", completou.

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