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Opinião Terça-feira, 15 de Outubro de 2019, 07:00 - A | A

Terça-feira, 15 de Outubro de 2019, 07h:00 - A | A

Opinião

Ser Professor no Brasil

Por Walber Gonçalves de Souza*

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Dia 15 de outubro comemora-se o Dia do Professor. Mas afinal o que há para comemorar? Temos de fato motivos para tal? Queria muito poder afirmar que sim, mas infelizmente percebo que não.

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Walber Gonçalves de Souza - Artigo

Walber Gonçalves de Souza

 

Recentemente encontrei uma jovem professora que havia se formado em Letras no ano anterior. Lembro-me das vezes que nos encontrávamos pelos corredores da faculdade, do seu entusiasmo em se formar para exercer o magistério como professora de português e literatura.

 

Só que nesse meu novo encontro com ela, percebi outra coisa, a motivação já não era a mesma. Perguntei como estavam as coisas, se ela estava gostando de ser professora, enfim, aquele papo trivial. Para minha surpresa ela disse que, mesmo querendo muito ser professora, havia abandonado a sala de aula em meados de setembro. Ainda segundo ela é impossível ser professora no Brasil, pois a indisciplina, o desinteresse, o descaso com a educação tomou conta da escola.

 

Hoje sabemos que faltam professores em várias áreas do conhecimento. Ser professor deixou de ser um atrativo para os jovens, salvo raras exceções. O que acarreta de certa forma a manutenção de um ciclo vicioso da má qualidade da educação brasileira.

 

Precisamos, urgentemente, da criação de políticas públicas que atraiam o interesse das pessoas para o magistério. Aqui, não me refiro somente a plano de cargos e salários, mesmo sabendo que também é essencial. Atualmente os professores no Brasil, comparando com outros países do nosso nível, estão entre os mais mal pagos, mas ratifico a necessidade de políticas públicas que tornem a escola, e por consequência a carreira do professor, mais digna de ser realizada.

 

O professor no Brasil encontra-se num quadro de total abandono, poucas são as exceções de prefeituras e estados em que se pode verificar o contrário. Será que conseguiríamos apontar dez cidades e três estados que valorizam, de fato, o professor e consequentemente a educação? Apontar sem demagogia ou números mirabolantes que escondem a realidade. Como estamos no Brasil, estou quase convencido que posso afirmar que não, mas podemos tentar.

 

Infelizmente, o professor no Brasil é malformado, mal remunerado, trabalha em situação de extremo stress: a maioria com salas lotadas, alunos sem limites e por consequência indisciplinado e o pior, que não acredita na educação, na importância da escola na vida dele. A tudo isso junta-se uma burocracia inútil, modismos e governos que insistem em fazer o que não sabe o que está fazendo. É isto que parece ser.

 

Uma profissão tão sublime sendo renegada, pelo governo, pela população e tristemente, por grande parte dos profissionais da educação, que começam a acreditar que a batalha está vencida e que cada um torna-se o grande perdedor.

 

Quando este cenário irá mudar? Haja esperança e amor pela profissão!

 

 

*Walber Gonçalves de Souza

Professor e escritor.

 

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