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Opinião Quarta-feira, 28 de Agosto de 2019, 19:15 - A | A

Quarta-feira, 28 de Agosto de 2019, 19h:15 - A | A

Opinião

Como um hambúrguer devora um parque?

Por João Gabriel Chebante*

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Apesar da economia real ainda não apresentar uma retomada real de crescimento, o mercado de capitais já se movimenta: o segmento de fusões e aquisições apresenta incremento de 24% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a PwC.

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João Gabriel Chebante - Artigo

João Gabriel Chebante

 

Não raro, temos movimentos que aos olhos de quem enxerga de fora, fazem pouco ou nenhum sentido. Lembro sempre que o nascimento das ações de cross-selling em trade marketing surgiu no início dos anos 80, quando a Pampers percebeu que os homens faziam compras de churrasco e esqueciam das fraldas para seus bebês.

Colocar uma frente de fraldas no meio de carvão e carnes fez o maior sucesso.

Em fusões e aquisições, não raro temos movimentos que não fazem o menor sentido à vista de quem tem pouca experiência no segmento. Mas cujas sinergias são imensas. Esta semana a posição da rede de restaurantes Madero de comprar por R$ 1 bilhão o parque e diversões Beto Carreiro World segue esta "lógica".

Mas afinal de conta, como uma rede de restaurantes compra um parque? Qual o sentido disso?

Vou voltar 10 anos no tempo, para quando as Lojas Americanas compraram a Blockbuster no Brasil. Qual era o objetivo de uma transação num mercado que já apresentava sinais de queda? Os pontos-de-venda da rede de locadoras foram fundamentais para expandir rapidamente a rede ao redor do país, com porte de lojas enxutos e mais rentáveis.

Em outra frente, o Madero claro que tem interesse na receita do parque com um todo (acho que não fará a aquisição sozinho - existe fundos que investem nas duas empresas envolvidos na transação) mas lembre-se: que vai num parque se alimenta. Dentro e fora do recinto, no hotel e nas cidades próximas.

Esta é uma receita bem lucrativa. E é exatamente aqui que reside o principal interesse do Madero no negócio: ter o controle da alimentação de toda uma região do estado de Santa Catarina, do parque aos hotéis.

Se pensarmos que o Beto Carreiro vem em crescimento acima de 10% ao ano desde 2015, se consolidando como principal opção de entretenimento em seu setor na América Latina, com atrações de estúdios de Hollywood inclusas e faturamento acima de R$ 1,2bilhão/ano… temos um excelente negócio.

A profissionalização da operação alimentícia do parque e cercanias, atrelada a co-operação do parque deve levar a uma maximização do valor de mercado do complexo, que ainda tem um forte potencial de crescimento, haja vista a área disponível ser 70% do terreno aonde fica o parque.

Nunca vender hambúrguer foi tão divertido.

 

 

*João Gabriel Chebante

Fundador da Sucellos, responsável por levar inteligência aos processos de investimento, fusão e aquisição de empresas. Formado em Administração com Ênfase em Marketing na ESPM, com especialização em Modelagem de Negócios pela mesma faculdade e Gestão de Marcas (branding) pela FGV. Possui doze anos de experiência em marketing, atuando em inteligência de mercado e gestão de marcas como profissional e como consultor de empresas.

 

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