Os alimentos orgânicos necessitam de uma série de cuidados, tanto no plantio quanto no manuseio dos alimentos diferentes da agricultura em larga escala
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Comer alimentos orgânicos não é novidade; afinal, o ser humano já fazia isso desde os tempos pré-históricos. O que mudou foi que após o boom da produção em larga escala de alimentos in natura, exportados para o mundo todo, a monocultura e a utilização de agrotóxicos passou a ser normalizada na agropecuária, como meio de tornar as etapas de produção mais eficientes, desde a semeadura até a colheita.
Com o passar dos anos, o excesso de agrotóxicos e a monocultura passaram a apresentar algumas consequências para o meio ambiente e para a saúde do ser humano. Com isso, vários países do mundo, incluindo o Brasil, passaram a incentivar a produção de alimentos orgânicos, como uma forma de agricultura extrativista sustentável, que não poluísse o solo, a água e o ar. É um ramo econômico em crescimento, principalmente durante a pandemia, quando as pessoas passaram a se preocupar mais com a saúde. No Brasil, em 2021, o aumento do consumo de orgânicos foi de 63%, se comparado ao ano de 2019.
Mas se engana quem pensa que plantar orgânicos é só semear e deixar a natureza se virar “naturalmente”. Ao contrário, os alimentos orgânicos necessitam de uma série de cuidados, tanto no plantio quanto no manuseio dos alimentos, e para serem vendidos como orgânicos, precisam se adequar a uma série de exigências, que estão previstas na Lei 10.831/2003.
Dentre as principais exigências estabelecidas na lei dos orgânicos, estão: o compromisso socioambiental, o não cultivo de transgênicos, a não utilização de produtos químicos, como os agrotóxicos, e respeitar os direitos dos trabalhadores. Para que as empresas cumpram as regras, elas são fiscalizadas por empresas certificadoras privadas, autorizadas pelo Ministério da Agricultura, que emitem o selo de “Produto Orgânico Brasil”.
De acordo com a Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), atualmente, o país possui cerca de 25 mil produtores cadastrados no MAPA, e em sua maioria, são agricultores familiares.
Por que os orgânicos custam mais?
Para conseguir se enquadrar como um produtor de orgânico, o agricultor tem que seguir diversas normas que fazem com que a produção seja mais lenta e o processo, bem mais custoso. Por não utilizar agrotóxicos, os alimentos demoram mais para crescer e chegar ao ponto de colheita; não pode plantar muitos hectares de uma única espécie, pois isso prejudica o solo, que precisa de um tempo de descanso maior do que na monocultura.
Ainda, como os remédios utilizados contra as pragas têm que ser naturais, é mais recomendado manter uma produção pequena, que consiga ser controlada mais de perto. Além disso, todas as pessoas que trabalham com orgânicos precisam estar registradas formalmente, o que também pode sair mais caro para o empresário.
Tem ainda o fator do próprio supermercado que supervaloriza os preços dos orgânicos, como uma estratégia de venda para um público seleto, que investe em alimentos mais saudáveis, suplementos alimentares e outros produtos para se manter em forma. Outro ponto é que, por serem mais integradas a esse meio, essas pessoas entendem melhor o uso da suplementação em seu dia a dia, pois superou questões como “creatina engorda?” ou “devo tomar whey todos os dias?”.
Todavia, não é preciso pagar tão caro para se alimentar bem e saudável. Existem diversas formas de adquirir os produtos orgânicos, atualmente, fora dos supermercados, como em feiras de bairros, feiras online e assinatura de cestas compradas direto dos produtores.