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Quinta-feira, 02 de Abril de 2020, 19h:15

Inquietação perante a existência

Por Oscar D’Ambrosio*

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A arte russa tem uma tradicional capacidade de mergulhar na mente humana, desvendando as motivações de cada um de nós para as mais variadas ações. Os enredos dos romances ou peças de teatro dessa tradição geralmente englobam situações familiares que giram em torno de sentimentos de amor, de ódio, de inconformismo e de inquietação perante a existência.

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A peça “A Gaivota”, de Anton Tchekhov, trata exatamente disso. A versão feita para o cinema por Michael Mayer mantém essa atmosfera de sofrimento permanente. O cenário é uma casa de campo em que uma atriz de sucesso de peças comerciais (Annette Bening) e visita o irmão enfermo, que analisa a sua vida como uma série de negativas e fracassos.

E há mais personagens. Destaca-se a bela e excelente atriz Saiorse Ronan, no papel de uma vizinha que sonha ser atriz na capital e desperta o amor do filho da artista famosa. Este, por sua vez, sonha em ser escritor, com um estilo experimental. Tudo se complica quando a jovem se apaixona por um romancista famoso (Corey Stoll), que é amante da veterana atriz.

Existem outras facetas da sociedade retratadas, como o professor pobre, os serviçais da casa e o administrador do local, num conjunto de excelentes atuações que compõem um painel de personagens em busca de si mesmo e de uma convivência mais harmônica, mas difícil em meio a indecisões, inseguranças e sentimentos não correspondidos. Arte russa na veia!

 

 

*Oscar D’Ambrosio

Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.