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Segunda-feira, 17 de Junho de 2019, 07h:00

Mito perdido do jazz

Por Oscar D’Ambrosio*

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O cinema pode trazer à tona figuras importantes e misteriosas, do quais pouco e sabe. É o caso do filme “Bolden”, dirigido por Dan Pritzker. Ele busca recontar, quase sem informações biográficas, e reconstruir o que pode ter sido a trajetória de Buddy “King” Bolden, considerado por alguns especialistas como o inventor do jazz.

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Com música original escrita, arranjada e interpretada por Wynton Marsalis, um gênio do trompete, a proposta dessa fictícia cinebiografia é um mergulho na vida de um renovador musical do qual não se tem sequer um registro gravado, mas somente relatos esparsos de alguns contemporâneos que o idolatravam pelo talento e capacidade de improviso.

As ações se passam nas primeiras décadas do século passado em New Orleans, EUA, num mundo em que os negros eram marginalizados e onde a os estilos musicais seguiam rígidos paradigmas de classe social. Bolden teria sido o responsável por estabelecer uma nova realidade, com sua corneta capaz de conquistar plateias de todas as cores.

O filme comove por mostrar a ascensão e a queda de um rei do instrumento que conseguiu marcar uma época pela maneira como se apresentava, sem seguir partituras fixas ou tradições. Essa capacidade de ser um outsider teria sido gravada uma única vez, provavelmente para um admirador privado. Talvez esse som esteja perdido para sempre, mas o filme deixa um mítico legado com um lírico e potente registro imaginário.

 

 

*Oscar D’Ambrosio

Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.