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Cotidiano Sábado, 24 de Abril de 2021, 16:39 - A | A

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Covid-19

Mestrando indígena monitora casos de Covid-19 em aldeias de MS

Estudo constatou 5 mil casos positivos na população indígena do estado

Lethycia Anjos
Capital News

Divulgação/Portal MS

Mestrando indígena monitora casos de Covid-19 em aldeias de MS

Vacinação contra Covid-19 em aldeias indígenas de MS

Monitoramento aponta que cerca de 5 mil indígenas foram infectados por Covid-19 e 86 vieram a óbito em aldeias de diferentes municípios de Mato Grosso do Sul. O levantamento é realizado pelo mestrando em Recursos Naturais (PGRN) da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Gledson Martins de 23 anos, da etnia Guarani-Nãndeva da aldeia Porto Lindo, localizada em Japorã no interior do estado.

 

A pesquisa baseia-se nos dados divulgados pelo boletim da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), e é orientada pelo Doutor Sandro Marcio Lima e pela pós-doutora Maryleide Ventura da Silva. Conforme o monitoramento, grande parte dos 86 óbitos registrados ocorreram nos municípios de Dourados, Aquidauana, Miranda, Sidrolândia e Campo Grande. 

 

Divulgação/Portal MS

Mestrando indígena monitora casos de Covid-19 em aldeias de MS

Gledson Martins

Gledson Martins explica que as etnias com maior incidência de casos são os guaranis, kaiowás e terenas. “Nesse mês de abril é possível observar intervalos maiores (em dias) entre o registro de novos casos e óbitos sobre os indígenas. Apesar disso, todos os cuidados básicos ainda devem ser exercidos, pois existe grande possibilidade de haver explosão de novos casos. Ainda não foram imunizados 100% da população indígena no Estado. Nesse sentido, a proximidade de algumas aldeias indígenas de centros urbanos como o caso de Dourados é um dos fatores que mais agravam a situação dos povos indígenas”, ressaltou via assessoria.

 

Para Gledson sua pesquisa cumpre um dever social e contribui para o retorno do investimento que toda a população brasileira realiza no ensino superior e pós-graduação de instituições públicas. “Especificamente para os povos indígenas, é um retorno significativo de minha parte à lutas que muitos indígenas, na maioria dos casos, ainda analfabetos, buscaram conquistar. Meu trabalho contribui inicialmente no registro histórico da situação diária que os povos indígenas enfrentam. Com o monitoramento ainda podemos estudar a propagação do vírus desde o início dos primeiros casos afim de propor medidas de controle para os gestores locais, bem como as lideranças indígenas, líderes municipais, estaduais e federal”, enfatizou.

 

O mestrando ressalta que as ações afirmativas, conhecidas como “cotas” são uma enorme conquista da população indígena, para a inserção em espaços como a universidade pública. Mesmo ingressando no PGRN por ampla concorrência, Gledson reconhece a contribuição da luta dos povos originários para conquistar vagas específicas aos indígenas no ensino superior.

 

Gledson Martins destaca a importância de ser o primeiro mestre de sua família. “É uma experiência prazerosa e cansativa. A dedicação que faço é grande e creio que é válido. Pois como já comentei, são financiados pelo povo justamente para o desenvolvimento social do Brasil. Combater a desigualdade intelectual é meu objetivo, por isso também tenho meus grupos de estudos para apoiar vestibulandos. Essa é parte prazerosa. A parte cansativa é de conhecimento de todos, são os desafios físicos, mentais e até mesmo minha relação com os governantes que gerenciam a educação brasileira que desgastam meu psicológico”, finalizou via assessoria.

 

Serviço:

A pesquisa intitulada “A covid-19 na população indígena de aquidauana-ms”, está disponível no link: http://www.uems.br/.

 

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