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Nacional Segunda-feira, 21 de Setembro de 2009, 13:16 - A | A

Segunda-feira, 21 de Setembro de 2009, 13h:16 - A | A

Prêmios falsos via SMS são isca para usuários de celular

Da Redação - (ME) - (www.capitalnews.com.br)

No celular chega um SMS com uma boa notícia: você foi premiado com uma casa. Ou, na web, um anúncio: um filhote de cachorro de uma raça valiosa – para adoção. Mas, para aproveitar a oferta, é preciso cobrir o custo do frete ou qualquer outra taxa relacionada com o recebimento dos produtos ou prêmios. De uma forma ou de outra, a vítima nunca receberá o que foi prometido.

Assim funciona o golpe nigeriano ou “fraude do pagamento antecipado”, realizado internacionalmente por africanos e aplicado no Brasil, geralmente por telefone, com algumas peculiaridades. Conheça as características desse tipo de fraude na coluna Segurança para o PC de hoje.

Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.
SMS e telefone: as falsas premiações
Nessa modalidade da fraude – a mais comum do gênero “nigeriano” no Brasil, em qualquer meio – os criminosos entram em contato com a vítima por SMS ou telefone. A vítima é informada que ganhou um prêmio – talvez um caminhão de prêmios, um carro ou até uma casa. Nomes de emissoras de televisão ou mesmo premiações verdadeiras (que acontecem ou já aconteceram) são usadas para adicionar credibilidade à mensagem.

No caso dos golpes por SMS, um número de telefone é informado no final da mensagem, para que o receptor ligue e se informe sobre a premiação.

“Quando a vítima entra em contato, ela é orientada a depositar algum valor referente ao transporte do produto ou outros custos”, explica o delegado Emerson Wendt, da Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Os criminosos fazem uso de engenharia social (truques de enganação e persuasão) para convencer a vítima, no telefone, de que ela foi mesmo premiada e que tudo estará resolvido após realizado o pagamento.

O prêmio não existe, é claro – quem chegar ao ponto de pagar na esperança de receber qualquer coisa terá sido roubado. Daí o nome de “fraude do pagamento antecipado”. Para adicionar pressão, os criminosos podem impor um limite de tempo para que o dinheiro seja depositado, impedindo que a vítima consiga pensar muito sobre o caso.

Segundo Wendt, esse é um dos golpes mais comuns no Brasil realizado por telefone, perdendo apenas para o falso sequestro. A prática, ainda de acordo com o delegado, se enquadra como estelionato.

O “golpe nigeriano” e a atuação no Brasil

Esse tipo de fraude é tão comum na África, e principalmente na Nigéria, que ficou conhecida como “fraude nigeriana” ou “fraude 419”, porque 419 é o artigo da legislação nigeriana que trata de estelionato.

A fraude nigeriana clássica envolve uma grande herança ou dinheiro “trancado” em algum banco. Às vezes, o criminoso diz ter alguma relação com um príncipe ou outro milionário. Hoje o golpe acontece principalmente por e-mail, mas já foi realizado por carta. O dono do dinheiro promete dividir a fortuna (que pode chegar a dezenas de milhões de dólares) com quem ajudá-lo e, ainda, doar uma parcela para instituições de caridade.

Devido à natureza da fraude, algumas pessoas se sentem envergonhadas por terem caído no “conto” e não denunciam o crime à polícia, o que dificulta a ação das autoridades nesses casos.

Em 2005, os golpistas receberam o prêmio IgNobel de Literatura (uma paródia do prêmio Nobel) em reconhecimento à criatividade dos nigerianos que “usam e-mail para distribuir uma série de histórias curtas, introduzindo milhões de leitores a ricos personagens”.

Como na versão brasileira, a vítima é orientada a fazer algum pagamento – normalmente uma taxa bancária para realizar a transferência. Mas os nigerianos não param por aí: se a vítima pagar, eles continuarão gerando novos “problemas” que necessitam da cooperação da vítima. Em alguns casos, esta cooperação não é apenas financeira – a vítima pode ser orientada a falsificar cheques, notas, comprovantes e outros documentos.

No fim do golpe (depois de milhares de dólares perdidos), os criminosos convidam o 'colaborador' a finalmente receber o dinheiro, normalmente na Nigéria, mas pode variar. Lá, a vítima recebe o dinheiro. Em “notas pretas”. Os golpistas informam que as notas estão nesta condição por terem sido banhadas em uma solução e demonstram como a cobertura negra pode ser retirada. A vítima precisa adquirir o material para “limpar” as demais notas – e o custo disso pode ser de milhares de dólares. Mesmo que a vítima pague, ela irá apenas descobrir que as notas pretas são apenas papel negro.

Africanos foram presos em 2005 no Brasil com essas “notas”. O assunto intrigou peritos na época, e a fraude foi assunto em uma revista especializada (PDF).

Mas graças à internet, africanos também conseguem atuar diretamente no Brasil. Um dos golpes envolve filhotes de cachorros, normalmente de raças com alto valor de mercado. O cão estaria, supostamente, disponível para adoção gratuita, ou então venda muito abaixo do preço normal.
Ao entrar em contato, a vítima em potencial descobre que – novamente – precisará pagar algum custo, normalmente de transporte. Se o pagamento for realizado, outros empecilhos virão. Segundo o site Quatro Cantos, detentor de um repositório de golpes na web, os golpistas podem alegar que o animal está doente e necessita da imediata ajuda do suposto comprador.

Independentemente do tema, o golpe funciona sempre igual: uma oferta boa demais para ser verdade que é oferecida, inicialmente por um baixo custo. Normalmente, o golpe continua e novos “custos” ou problemas surgem, até o criminoso conseguir roubar muito dinheiro ou a vítima desistir.

A coluna Segurança para o PC de hoje fica por aqui, mas volta na quarta-feira (23) com o pacotão de respostas. Se você tem uma dúvida ou sugestão de pauta sobre segurança ou cibercrimes, deixe-a na área de comentários, logo abaixo. Até a próxima!

* Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança para o PC”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguranca.(Fonte: G1)

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