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Rural Sábado, 27 de Junho de 2009, 16:49 - A | A

Sábado, 27 de Junho de 2009, 16h:49 - A | A

Criadores de gado querem flexibilização das normas na ZAV

Redação Capital News (AR)

Depois da luta contra a importação de gado gordo do Paraguai para abate em Mato Grosso do Sul, o criadores que têm propriedades na Zona de Alta Vigilância, em especial nas cidades de Porto Murtinho, Bela Vista e Caracol, travam agora batalha para tentar diminuir o grau de exigências burocráticas para vender seu gado para outras regiões.

A maior reclamação dos criadores com propriedades na faixa que compreende a ZAV é que depois da criação da área, eles estão amargando prejuízo no momento de comercializar seu gado e, muitas vezes, acabam diminuindo o valor para conseguir vende-lo. Isto porque o processo para liberação dos animais é considerado por eles muito demorado, devido a exigência do cumprimento do período de quarentena (15 dias) que pode chegar até 60 dias, afirma o criador Francisco Cintra, que também é do Sindicato Rural de Bela Vista.

Para tentar encontrar um argumento convincente perante às autoridades que podem flexibilizar as normas na ZAV, vai acontecer em Bela Vista, no dia 18 de julho, durante a Expobel, um seminário sobre a sanidade animal na fronteira. Os organizadores esperam confirmação de representante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Criadores também participam contando a realidade de suas propriedades.

Segundo criadores de gado que têm fazenda na faixa de vigilância, o prejuízo aumentou depois da criação da Zona de Alta Vigilância

Criadores de gado dos municípios de Bela Vista, Porto Murtinho e Caracol pedem mais flexibilização na Zona de Alta Vigilância (ZAV). Eles afirmam que as exigências impostas pela Organização Internacional de Epizootias (OIE) para conceder o status de área livre de febre aftosa com vacinação para Mato Grosso do Sul são ainda muito rígidas e também acabam afugentando compradores.

A maior reclamação dos criadores com propriedades na faixa que compreende a ZAV é que depois da criação da área, está amargando prejuízo no momento de comercializar seu gado e, muitas vezes, acabam abaixando o valor para conseguir vende-lo. Esta realidade é mais presente nos municípios de Porto Murtinho, Bela Vista e Caracol; estes que representam o maior rebanho da região.

Francisco Cintra Franco, diretor do Sindicato Rural de Bela Vista e que tem propriedade incluída na faixa de alta vigilância, a quarentena que, na verdade é de 15 dias, acaba prejudicando a comercialização e em alguns casos acarreta num processo que pode levar até 60 dias, por conta de agendamento de técnicos do órgão responsável pela verificação de documentação. “O problema é para vender gado em pé proveniente desta faixa, a burocracia usada na quarentena implica na comercialização. Se um comprador encontra essa barreira na hora da compra do nosso gado ele prefere comprar animais que não sejam de lá, já que a burocracia é menor”, explica.

Segundo Francisco Cintra, na primeira etapa os criadores concordavam “em se fazer um serviço bem feito, pois a função da quarentena era fiscalizar os animais que registrassem algum sintoma da febre aftosa para que esse ficasse limitado de ser comercializado”, explica.

Cintra acredita que animais da ZAV têm preços entre oito e 10% menores em relação aos demais no restante do Estado. “Estamos lutando pela flexibilização para acabarmos com essa coisa de barreira, pois nós não podemos nem exportar carne para a União Européia, já que é um dos clientes que paga mais”, explica. Ele revela que já levou as reivindicações para a Secretaria de Produção, Federação de Agricultura de MS, Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), mas prefere não revelar o teor das conversas.

SEMINÁRIO – Está programando para o dia 18 de julho, durante a Expobel (Exposição de Bela Vista) um seminário sobre a sanidade animal da fronteira. O ciclo de palestras e debates ainda não foi definido, mas há intenção de trazer alguma autoridade do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para falar sobre sanidade animal.

Além de autoridades técnicas e políticas ligadas ao setor produtivo, criadores de gado que têm propriedades inseridas na ZAV também terão o direito de revelar sua situação econômica depois da criação da Zona de Alta Vigilância

IMPORTAÇÃO - Embora os criadores venham lutando por regras mais brandas em relação aos animais criados na ZAV, recentemente eles mesmos e entidades que os representam foram contra a abertura da fronteira para importação de gado gordo do Paraguai. Era intenção de o governo estadual importar, anualmente, 10 mil animais. Uma corrente contrária se formou alegando que trazer gado em pé paraguaio para abate em terras brasileiras significaria uma ameaça à sanidade, principalmente em relação à febre aftosa.

O governo acabou desistindo da idéia da importação de gado paraguaio atendendo ao pedido dos criadores e também das entidades rurais. Todavia, boa parte daqueles que foram contrários, agora querem flexibilização das normas vigentes na ZAV, alegando que criadores da região amargam prejuízos desde que a mesma foi criada há, aproximadamente um ano e meio. Entre as regras que, segundo os criadores atrapalham a comercialização, é a exigência de quarentena para venda de gado vivo para outras localidades.

ZAV foi imposta pela OIE como medida de segurança

O chefe do Serviço de Sanidade Agropecuária da Superintendência Federal de Agricultora do Estado de Mato Grosso do Sul, Élvio Patatt Cazola, concorda com os criadores que têm propriedades na Zona de alta Vigilância (ZAV) de que as quarentenas realmente prejudicam a comercialização de animais de gado em pé, com exceção do abate, mas quem dá a última palavra sobre o aumento ou a redução da quarentena é a OIE.

Como os produtores também reclamaram do embargo da União Européia em relação aos produtos da Zona de Alta Vigilância, Cazola explica que o bloco a UE é um bloco econômico e lá são eles que impõem as exigências de importação de carne, e foi o bloco que decidiu que não vai comprar carne da zona de alta vigilância. “A restrição é somente do bloco econômico da União Européia, foram eles que decidiram não comprar carne da região” alega.

“Nós tivemos uma auditoria da OIE do início de mês de março e eles constataram que está tudo bem e que as recomendações foram cumpridas normalmente”. Segundo Cazola, a Superintendência Federal de agricultura está aguardando uma resposta da OIE na questão de flexibilização. “Estamos aguardando um relatório de algum tipo de flexibilização por parte deles. Para gente diminuir o prazo da quarentena tem que seguiu as regras internacionais, ou seja, a última palavra é da OIE, esperamos uma posição deles”, explica.

Para a questão do abate, Cazola afirma que não influência nos preços voltados para o mercado interno e somente para a comercialização de gado em pé, finaliza.

A Zona de Alta Vigilância Sanitária na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai entrou em vigor no mês de janeiro de 2008.  A medida, formalizada pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), foi uma recomendação da Organização Mundial de Saúde Animal, que identificou a necessidade de ampliar o controle sanitário na região, onde em 2005 ocorreram casos de febre aftosa.

A Zona de Alta Vigilância sanitária tem uma extensão de 15 quilômetros a partir da fronteira com o Paraguai. Nestas propriedades a vacinação contra a febre aftosa é feita com agulha oficial.  De acordo com Cazola, os animais que se encontram na Zona de Alta Vigilância e que o destino é outra região, ficam nos piquetes sob a fiscalização do serviço social até a saída.(Fonte: Agroin)

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